terça-feira, 29 de julho de 2014

A ARCA DO DEUS AMON





A santidade atribuída a Jerusalém pelos egípcios inicialmente foi derivada do transporte da Barca de Amon (um santuário sagrado carregado em postes, da mesma maneira que a Arca da Aliança dos israelitas) para a cidade de Tutmés III. 

Eles carregavam o deus em um “andor” com forma de barco, sendo que o deus ficava protegido dentro de uma pequena “cabine” dentro do barco.

O santuário era normalmente mantido dentro do Santo dos Santos do templo de Amon em Karnak, no entanto Tutmés III o levava com ele para as batalhas. Ele permaneceu com o santuário quando passou a residir em Jerusalém durante o cerco prolongado de Megido.

O nome para Jerusalém de “a Cidade Santa de Jerusalém.” vem do deus Amon egípcio, e a Arca da Aliança não é, nada mais e nada menos, que um plágio do santuário de Amon ou Amen ou, posteriormente, Amon-Rá. 

Os egípcios acreditavam que os deuses eram fundamentalmente misteriosos, assim como os cristãos acreditam, o “eterno” ou divino nunca pode ser totalmente conhecido.

Amon-Ra (16 a 11 séculos a. C) ocupou o cargo de transcendental, divindade criadora e auto-criado ocupando a posição de deus dos deuses, desenvolvendo um monoteísmo virtual onde outros deuses tornaram-se manifestações dele. Com Osíris, Amon-Ra é o deus mais amplamente registrado dos deuses egípcios. Como a principal divindade do império egípcio, Amon-Ra, também passou a ser adorado fora do Egito, na antiga Líbia, Núbia, vindo também a ser identificado com Zeus na Grécia Antiga.

A vitória conquistada por faraós que adoravam Amon contra os “governantes estrangeiros”, levou-os a serem vistos como campeões dos menos afortunados, e na defesa dos direitos de justiça para os pobres. Por ajudar aqueles que viajaram em seu nome, Amon tornou-se o protetor da estrada. Desde que ele se confirmou Ma’at (verdade, justiça e bondade), todos aqueles que rezavam a Amon eram obrigados, primeiro a demonstrar dignidade, confessando os seus pecados, como registrado nas estelas de aldeia de artesãos em Deir-el-Medina. 

http://www.domainofman.com/ankhemmaat/david.html
http://anaburke.com/2014/01/18/tuthmosis-iii-o-rei-davi-da-biblia/

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Fraude sobre as visões de Ana Catarina Emmerich

A Fraude sobre as Visões de Ana Catarina Emmerich. Maria, mãe de Jesus, se existiu, nunca esteve em Éfeso.

Visão externa da casa de Maria restaurada em Éfesos, Turquia. Agora servindo como capela
 
Por Ana Burke
Até o ano 325 d. C., ano em que aconteceu o “primeiro Concílio de Nicéia” organizado por Constantino com a participação de bispos vindos  de todos os lugares e, não existia Maria ou qualquer menção a respeito dela pelos padres. Em nenhum dos Concílios ocorridos antes de Nicéia, ou no Concílio de Nicéia se falou em Maria.
Hoje a Igreja Católica conta histórias sobre aparecimentos de Maria antes desta época, que não existiram, querendo fazer crer que existia veneração do povo à “Virgem Maria”, o que é impossível. O que existia até Constantino era a adoração exacerbada do povo pela deusa egípcia  Ísis em todos os lugares na época.
O Concílio de Nicéia foi realizado porque Constantino, que estava tentando implantar uma religião única, via em Ário, uma ameaça aos seus planos. O principal objetivo desta reunião foi então, combater e destruir Ário, cuja influência era muito grande entre todas as pessoas da época. Implantar o cristianismo foi uma idéia que surgiu da cabeça da família aristocrática romana Piso muito antes de Constantino, a mesma família que escreveu o Novo Testamento por volta do ano 100 d. C. usando para isto o próprio livro sagrado dos Hebreus.
Neste encontro, simplesmente não existia Maria. Ninguém ainda havia pensado em Maria como “virgem” ou ser divino e fazedora de milagres até esta data. Não existiu nenhuma discussão a respeito de aparicões ou visões de Maria neste concílio ou em Concílios anteriores a este.  A maior preocupacão de Constantino e dos bispos, era Ário, um padre de Alexandria que discordava dos absurdos e mentiras que se estava tentando aplicar em cima da população. Ário afirmava que o Filho era diferente do Pai em substância, o que era inaceitável para Constantino, organizador do Concílio, que tinha interesses políticos advindos das decisões que viriam, como resultado deste encontro.
Definiram neste Concílio que Jesus era Deus (até este momento não existia Espírito Santo), excomungaram e exilaram Ário e outros dois que votaram contra, assim como queimaram os seus livros. Criaram ainda o credo, acrescentando no final deste, que aqueles que discordassem do que estava escrito neste credo seriam “anatematizados, o que quer dizer, excomungados. A partir daí, todos os católicos repetem este credo como uma oracão, em que, é óbvio, foi retirado a parte da ameaca de excomunhão. Seria estranho dizer no final: “Quem não acredita nisto vai ser excomungado”.
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O Credo de Nicéia original

Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem: ‘existiu quando não era’ e ‘antes que nascesse não era’ e ‘foi feito do nada’, ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja anatematiza (excomunga). 
Epifânio de Salamina (em latim, Epiphanius) foi um bispo da cidade de Salamina, ilha de Chipre. Ele ganhou reputação como um forte defensor da ortodoxia cristã. Epifânio morreu em, aproximadamente, em 403 d.C., e afirma que nunca, ninguém soube nada sobre a morte de Maria ou se Maria continua ou não viva até hoje. Segundo ele, as escrituras mantiveram absoluto silêncio sobre o fim de  Maria. Epifânio vivia perto da palestina e, se tivesse qualquer conhecimento sobre a morte de Maria, ou se ela subiu ao céu de corpo e alma, ele certamente saberia. Quando se lê a literatura de todos os primeiros padres do cristianismo, nenhum deles cita Maria como tendo aparecido a alguém ou que alguém teve visões com Maria.
Durante séculos, na Igreja primitiva , há um completo silêncio sobre final de Maria. A primeira menção é de Epifânio , em 377 d. C., que afirma especificamente que ninguém sabe o que realmente aconteceu com Maria. Ele morava perto da Palestina e se houvesse , de fato, sobre alguma tradição em relação a veneração de Maria pela Igreja como geralmente se acredita ele saberia. Mas ele afirma claramente que ” o seu fim , ninguém sabe . ” Estas são suas palavras:
Mas se alguém pensa estar sendo enganado, deixá-os examinar as Escrituras . Eles não encontrarão a morte de Maria , não vão descobrir se ela morreu ou não morreu, não vão descobrir se ela foi enterrada ou não foi enterrada … A escritura é absolutamente silenciosa [quanto ao final de Maria] … De minha parte , não me atrevo a falar, mas eu mantenho meus próprios pensamentos e prático o silêncio … Ela morreu , não sei … Ou a santa Virgem morreu e foi sepultada … Ou ela foi morta … Ou ela permaneceu viva… O seu fim , ninguém sabe ” (Epiphanius, Panarion, Haer. 78.10-11, 23. Cited by juniper Carol, O.F.M. ed., Mariology, Vol. II (Milwaukee: Bruce, 1957), pp. 139-40). Disponível em: < http://www.christiantruth.com/articles/assumption.html> Acesso em 18/04/2013.
            O primeiro Concílio de Éfeso foi o terceiro concílio ecumênico do início da Igreja Cristã, realizado em 431 na Igreja de Maria em Éfeso, na Ásia Menor.
            Segundo estudos não existia esta “Igreja de Maria” em Éfeso no ano de 431 d. C., e nenhuma prova de que Maria esteve ou foi viver em Éfeso ou que Éfeso foi escolhida porque o povo desta cidade teria fé em Maria. A Igreja diz que Maria foi viver em Éfeso com João Evangelista e que viveu lá até a morrer e subir aos céus de corpo e alma.
O QUE DIZ A BÍBLIA?
É verdade que João Evangelista esteve em Éfeso, mas nunca acompanhado de Maria. A Igreja deduziu que Jesus entregou Maria aos cuidados de João quando na cruz: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho”.  João 19:26. O discípulo que Jesus mais amava aparece em várias passagens na bíblia, mas ninguém pode afirmar com certeza que este discípulo era João. Jesus, inicialmente, arrebanhou doze apóstolos para seguí-lo mas, nesta época, Ele tinha aproximadamente setenta discípulos, incluindo Maria Madalena e Salomé. João contou esta história em seu evangelho, mas não significa que o discípulo mais amado era João, ou ele teria dito isto. Ele não diria: “Jesus viu alí o seu discípulo mais amado”, e ele se identificaria como sendo ele o discípulo mais amado. Existem evidências de que este discípulo teria sido Tiago ou Lázaro, de Betânia, pois Jesus demonstrou claramente que amava muito a Lázaro, observe: “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava”. João 11:3-36. Eusebio, no seu livro, “História da Igreja”, nunca cita Maria como tendo estado algum dia em Éfeso com João. E Irineu falando de João em Éfeso no seu livro “contra heresias e fragmentos” não cita Maria acompanhando João em suas várias citacões sobre o mesmo, e diz também:  “A igreja em Éfeso, fundada por Paulo, e tendo João permanecido entre eles permanentemente até o tempo de Trajano é uma verdadeira testemunha da tradicão dos apóstolos”. Capítulo III, Pag. 1974. E mais:  “Epifânio estava preocupado em apontar que, embora a Bíblia diz que João estava saindo para a Ásia, ele NÃO diz que Maria foi com ele”. Portanto, Maria nunca esteve em Éfeso com João.
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A IGREJA DE MARIA EM ÉFESO

A igreja é datada do início do século 5, coincidindo com o Concílio de Éfeso, o terceiro Concílio Ecumênico em 431, o que sugere que ela pode ter sido construída especificamente para esse Terceiro Concílio Ecumênico, durante a qual o título de Mãe de Deus para com Maria, a mãe de Jesus, foi tornado realidade. A mais recente evidência arqueológica sugere que a igreja foi construída sobre as ruínas de uma antiga basílica romana, um edifício abandonado por volta do século 3. Cerca de 500, a igreja foi ampliada em uma catedral monumental.
A igreja serviu como uma catedral e foi a sede do Bispo de Éfeso durante Antiguidade Tardia.
Sobre a Igreja de Maria em Éfeso, ela foi construída aproximadamente em 500 d.C. E não existia, como diz a Igreja, na época do Concílio de Éfeso. É interesse da Igreja Católica que o povo acredite que já existia esta Igreja na época do Concílio porque foi neste Concílio que decidiram que Maria era a mãe de Deus e quiz se passar a impressão de que o povo de Éfeso já cultuava Maria, nesta época, e que Maria era a mãe de Deus. A Igreja de Maria, como se pode ver abaixo, foi construída muito depois da data em que se realizou este concílio e este somente aconteceu em Éfeso devido à cidade estar bem localizada e ser de fácil acesso, como afirma o imperador Teodósio: “Optamos por Éfeso porque é uma cidade de fácil acesso para quem vem por terra ou por mar, e assim obter fornecimento de todos os produtos locais e importados úteis para seus habitantes”.
Temos abaixo uma confirmacão de que esta igreja não existia nesta época em Éfeso como se pode ver:
Na década de 1990 , Stefan Karweise e sua equipe de arqueólogos escavaram a Igreja de Maria com resultados surpreendentes. Ele relata :
Em uma trincheira do lado de fora do muro da igreja, tem evidências incontestáveis que provam que a igreja não foi construída já no período de Constantino , nem mesmo em 431, mas algumas décadas mais tarde . A evidência arqueológica de fragmentos e moedas provou sem sombra de dúvida que as paredes laterais, feitas de enormes blocos de calcário que podem ter vindo de fundamentos da Olympeion, não foram erguidas antes de cerca de 500. Uma vez que estas paredes fechadas nas laterais [...] pertencem à época em que a igreja foi fundada . A data de Constantino … deve ser rejeitada … e em vez disso,  uma data no reinado de Anastácio I [ 491-530 ] deve ser empregada . Da mesma forma, está claro que as paredes de blocos não substituem as mais velhas paredes da igreja , uma vez que não existe qualquer evidência disto.  Disponível em: < http://www.sacred-destinations.com/turkey/ephesus-church-of-the-virgin.htm > Acesso em 19/04/2013.
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CRIANDO O MITO DE QUE MARIA VIVEU E MORREU EM ÉFESO

 A descricão milagrosa da morte de Maria e a sua ida para o céu de corpo e alma, surgiu no século IV havendo oito versões que afirmam que Maria morreu em Jerusalém, inclusive as versões em que mencionam João indo para Éfeso.
Existe agora uma casa, que dizem, Maria viveu e morreu na mesma, localizada em Éfeso, para onde João a levou depois da morte de Jesus. Mas, segundo consta,  João nunca levou Maria para Éfeso e nada faz crer que Jesus entregou Maria à João. Não há nenhuma evidência de que isto tenha ocorrido.
Estátua da Virgem Maria na parte exterior da casa, em Éfeso Autor: Dennis Jarvis from Halifax, Canada
            O livro “On the Dormition: Early Patristic Homilies edited by Brian Daley”, excerpt from the Euthymiac History, pag. 224, contém um relato da “dormicão” milagrosa de Maria, provavelmente século V, que coloca sua morte como tendo ocorrido em Jerusalém, como é mostrado a seguir:
“E convocando Juvenal, o arcebispo de Jerusalém, e os bispos da Palestina que estavam hospedados na capital por causa do sínodo, em seguida, foi realizada Calcedônia [Outubro, 451], que lhes disse: “Ouvimos dizer que a primeira e mais notável igreja de toda  Santa Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, é em Jerusalém, no lugar chamado Getsêmani, onde o seu corpo foi colocado em um caixão. Agora nós queremos trazer esta relíquia para cá, para proteger esta cidade real “.
            Arqueólogos examinaram o edifício identificado como a “Casa da Virgem”, e dizem que a maior parte da construcão pertencente a este edifício data do século 6 ou 7 sendo que os fundamentos podem datar do primeiro século d. C., e também não existe nenhuma evidência, qualquer que seja, literária ou arqueológica, sobre túmulo ou relíquias associadas a Maria em Éfeso.
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A FRAUDE SOBRE AS VISÕES DE ANA CATARINA EMMERICH
Ana Catarina Emmerich.1885. Autor: Gabriel von Max (1840–1915)
A história da casa, que se diz que Maria viveu e morreu nela, é absurda. Atribui-se a “descoberta” desta casa a uma freira alemã, Anne Catherine Emmerich que “acordou com um estígma e teve visões sobre Maria e João viajando de Jerusalém para Éfeso. Segundo se afirma, ela descreveu todos os detalhes da casa onde Maria teria vivido e diz que a mesma morreu com 64 anos de idade, sendo sepultada numa caverna perto da casa.
Quem anotou e escreveu todas as visões de Emmerich foi um escritor de nome Clemens Brentano que incluía nos relatos cenas do Novo Testamento, da Virgem Maria e escrevia estas notas mais tarde, sozinho, em seu apartamento. Ele só concluiu a edicão dos seus registros dez anos depois da morte da vidente. Ele publicou “A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo de acordo com as meditacões de Anne Catherine Emmerich” em 1833, deixando preparada uma outra obra a ser publicada sobre as visões intitulada como a “Vida da Virgem Maria das visões de Anna Catherine Emmerich”, mas ele morreu em 1842, sendo o livro publicado postumamente em 1852 em Munique.
Em 1923, em sua tese teológica, o padre alemão Winfried Hümpfner, que havia comparado notas originais de Brentano com os livros publicados, escreveu que Clemens Brentano tinha inventado grande parte do material que tinha atribuído à Emmerich.
Em 1928, os especialistas tinham chegado à conclusão de que apenas uma pequena porção de livros de Brentano pode ser atribuída com segurança à Emmerich.
No momento da beatificação de Anne Catherine, em 2004, […] o Pe. Peter Gumpel afirmou:  “Não é absolutamente certo que ela escreveu isso. Há um problema sério de autenticidade”.  De acordo com Gumpel, os escritos atribuídos a Emmerich foram “absolutamente descartados” pelo Vaticano como parte de seu processo de beatificação. Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Anne_Catherine_Emmerich > Acesso em 18/04/2013
            Apesar do Vaticano saber, com certeza, que a maioria dos escritos de Brentano sobre as visões de Emmerich eram falsas, um clérigo francês de nome Gouyet, lendo os escritos de Brentano, viajou para Éfeso com a finalidade de encontrar uma casa que estivesse de acordo com as descricões e, encontrando-a, mandou recado aos bispos de Paris e Roma sobre o seu achado.  Em 27 de Junho de 1891, dois sacerdotes e mais dois especialistas católicos foram pra Éfeso ver a casa, voltaram com o relatório, e mais padres e especialistas foram enviados ao local. Desde 1892 então, a “Casa da Virgem” vem recebendo visitantes e peregrinos.
Interior da Casa de Maria em Éfeso. Author: Dennis Jarvis from Halifax, Canada
            A Santa Sé diz que não tem ainda uma posicão oficial sobre a autenticidade do local, MAS…MAS, em 1896 ela foi visitada pelo Papa leão XIII, em 1951 o Papa Pio XII declarou a casa um lugar santo. Depois ela foi visitada pelo Papa João Paulo VI em 1967, o Papa João Paulo II em 1979, e Bento XVI, em 2006 que, ao visitar a casa, tratou-a como um santuário.

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Muro dos Pedidos

Parede dos desejos, considerado por alguns peregrinos como sendo milagroso. Autor: José Luiz, São Paulo – Brasil
         
Buraco da fechadura, em forma de piscina batismal. Fazem os crentes acreditarem que São João e Maria utilizavam este buraco para batizar e converter os seus seguidores ao cristianismo.
 O que significam todas estas visitas dos Papas a esta casa? É o mesmo que dizer para o povo: “A igreja aprova” e, “se o Papa esteve lá, é porque a casa era mesmo a casa de Maria”, “a casa é santa”. E o povo está indo, acreditam e enchem o muro com pedacos de papel em que fazem pedidos, bebem e carregam com eles a “água santa” e recebem milagres. E como a Igreja afirma que Maria é imaculada, sem pecado original e não morreu, ela deve estar viva andando por aí e rindo muito deste povo bobo.
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ONDE MORREU MARIA, EXATAMENTE?
Da mesma forma como existe em Éfeso um túmulo de Maria, existe também um túmulo de Maria no Vale do Kidron, ao pé do Monte das Oliveiras, em Jerusalém e considerado por cristãos orientais como sendo o local do sepultamento de Maria, mãe de Jesus.  
Fachada do Túmulo de Maria – século XII
Author: Deror avi
 
Vista externa do túmulo de Maria em Jerusalém
Autor: Md iet (talk). Original uploader was Md iet at en.wikipedia
Interior do túmulo de Maria em Jerusalém
Autor: http://www.flickr.com/photos/womeos/ WomEOS
Interior do Sarcófago da Virgem Maria, na Igreja de Maria, Monte das Oliveiras, em Jerusalém. Autor: adriatikus
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Referências
(a) The vowels are pronounced as in “veto” and “me so”.
(b) Klausner, Joseph, From Jesus to Paul, Macmillan Co., 1943, pp 33-34.
(c) Baron, Salo, A Social and Religious History of the Jews, Columbia Univ. Press, N.Y., and Jewish Publication Society, Philidephia, 1952, vol. 1, pp 170-171.
(d) Seneca, Ad Lucilium Epistulae Morales, Vol. III, Epistle XCV.47, pp 87-89.
(e) St. Augustine, City of God, Modern Library, Random House, 1950, 6.11, p 202.
(f) Seneca, Ad Lucilium Epistulae Morales, Vol. I, Epistle XLVI, pp 299-300.
(g) Tacitus, Annals, XV.54,71.
(h) Having destroyed the Temple, Piso could then have Jesus (whom he was predating to 40 years before the Temple’s destruction) prophecy the destruction because of the Jews’ rejection of him! (Mat. 23.37-38).
(i) Roman historians (Suet. Nero 49, and Dio Cassius 63.29) explain merely that Epaphroditus assisted the emperor’s suicide. See also Tacitus, Annals XV.55, footnote 2.
(j) Tacitus, Histories I.14.
(k) Tacitus, Histories II.74-81.
(l) Tacitus, Histories III.2, footnote 1.
(m) (Tacitus) Vespasian relied on Piso because he was grandson of his own brother—Vespasian’s brother, T. Flavius Sabinus, had married Arria Sr., who was Piso’s maternal grandmother. Piso’s identity as thus also a Flavian is decipherable from the appearance in the Flavian family line of L. Caesennius Paetus (Townend, Gavin, Some Flavian Connections, Journal of Roman Studies LI.54,62, 1961). That was an alias (like Thrasea Paetus) of Piso’s father, L. Calpurnius Piso.
See page 20 supra, wherein Piso himself also is mentioned as a Caesennius Paetus. That is the true reason Piso used the literary pseudonym of Flavius; it was not because of his alleged-but untrue and hardly necessary-adoption by Emperor Flavius Vespasian. He was in fact a Flavian.
Piso humorously used the three basic consonants of the Flavians’ Sabinus name, SBN, in revised sequences for some of his fictional literary identities:
(1) BarNaBaS who appears in Acts 4.36 and there specifically stated as another name of a Joseph (Josephus!)
(2) BarNaBazoS in Antiq. XI.207,
(3) BaNnoS in Vita 11, the mirror-image of John the Baptist.
The same device of rearranging consonants was used in recreating Afranius Burrus, the friend of Seneca (Tacitus, Annals XIII-XIV)-and therefore of Lucius Piso. He was Nero’s Praetorian Prefect, and then several years before Seneca’s death, was himself a victim of the emperor. Burrus reappears as BaRaBbaS, the fictional brigand in Mat. 27.16.
(n) (Tacitus, Histories III.6). The realization that Marcus Antonius Primus was a pseudonym of Arius Calpurnius Piso is based on these factors:
1. The name in Pliny’s letters under which Piso is the latter’s wife’s grandfather is Arius Antoninus.
2. According to Suetonius (Lives of the Caesars, Book IV. XXV), Emperor Caius Caligula appropriated Gaius Piso’s wife at Piso’s marriage. That would have been about the year 36–the year before Arius’ birth. Caligula is known to have been a descendant of Mark Antony (Marcus Antonius). Seemingly Suetonius was teasing at the questioned paternity of Piso’s alter ego creation.
3. Tacitus’ caustic description of Marcus Antonius Primus remind one of Piso.
4. The idea to call Piso “Antonius Primus”—was his own. It was Piso himself in his Jewish War IV.495 who first detailed Antonius Primus’ campaign for Vespasian against Vitellius. Also Josephus inserts “Antonius” (himself!) as a centurion who dies at the capture of Jotapata (Jewish War III.333).
5. Marcus Antonius Primus’ colleague in the campaign against Vitellius is named Arrius Varus (Tacitus, Histories III.6). This is yet another alter ego of Piso himself. In the mid-50’s (C.E.), while in his late teens, young Piso was a prefect of a cohort of legionnaires in the campaign against Vologeses, King of Armenia—serving there (in Tacitus, Annals XIII.9) under the name of Arrius Varus.
6. His exploits as General Marcus Antonius Primus account for his absence from Judaea in the years 67-69, between his defeat as Cestius Gallus and his reappearing to assist Titus as the siege of Jerusalem in 70. Rather than being Vespasian’s prisoner in chains, he was his general, advancing on Rome in his behalf.
(o) Tacitus, Histories, III.82-86. Also “the supreme authority was exercised by Antonius Primus” (Tacitus, Histories, IV.2).
Fotos: Outras Fontes:

   
     

    • Não existe “Nossa Senhora”. Antes do cristianismo existia o gnoticismo e Maria não era a “Virgem e imaculada “. Isto foi inventado depois. Todas as visões com a “Virgem Maria” podem facilmente ser provadas falsas. Basta estudar com atencão e se informar.
    • Estude mais um pouco assim não fica tão feio pra você falar tanta besteira Rodolfo. Dá pra ver, pelo seu palavreado, chamando-me de “Jumento”, que você tem um nível educacional muito baixo. Só uma pessoa muito rasteira e insignificante usa estes termos quando se dirige a alguém. Quanto a Ário e Constantino, existe neste site mesmo uma gama de correspond6encias de Constantino para Ário. Está em inglês. Talvez o google possa ajudar um pouco na traducão. OK? Quanto a Maria, suposta mãe de Jesus, a única fonte que voc6e tem é esta? Inácio de Antióquia? Fonte católica? É tão falsa esta fonte como é falso o Santo Sudário, o Jesus branco, as cabecas de João Batista, As visões com a Vírgem Maria (muito fácil de ser provado), a crenca no inferno e no purgatório, etc.

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    quarta-feira, 2 de julho de 2014

    Camile Flamarion e suas experiencias no grupo de Kardec

    Minhas Primeiras Experiências no grupo de Allan Kardec e com médiuns daquela época (por Camille Flammarion, 1907)

    Este é o Capítulo 2 do livro de Camille Flammarion, “As Forças Naturais Desconhecidas”. Neste capítulo Flammarion apresenta diversas provas que os médiuns de Kardec não estavam incorporados por espírito algum, sendo todo ou quase todo o material produzido por meio deles oriundo de suas próprias mentes, sem a influência de qualquer causa externa, alguns vítimas de autossugestão. Também denuncia a existência de fraude por parte da senhorita Huet, que era uma das médiuns do grupo de Kardec. A doutrina espírita, portanto, não é fruto do ensinamento dos espíritos, e sim fruto de puro animismo dos médiuns.
    Para baixar o capítulo em pdf, clique aqui.
    Certo dia do mês de novembro de 1861, passando pelas galerias do Odéon, eu notei uma obra cujo título chamou-me a atenção: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Comprei-o e o li com avidez, pois vários capítulos pareciam-me estar de acordo com as bases científicas do livro que, então, eu estava escrevendo – La Pluralité des Mondes habites (A Pluralidade dos Mundos Habitados). Fui procurar o autor, que propôs que eu entrasse como “membro associado livre” para a Société Parisienne des Études Spirites (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas), que ele fundara e da qual era presidente. Eu aceitei e acabo de encontrar, por acaso, o cartão verde assinado por ele em 15 de novembro de 1861. É essa a data da minha iniciação em estudos psíquicos. Na época, eu tinha dezenove anos e fazia três anos que era aluno de astronomia no Observatório de Paris. Estava dando os últimos retoques na obra que acabo de citar, cuja primeira edição foi publicada, alguns meses depois, pelo impressor-livreiro do Observatório.
    Reuníamo-nos todas as sextas-feiras, à noite, no salão da Sociedade, na passagem Sainte-Anne, que estava sob a proteção de São Luís. O presidente abria a sessão com uma “invocação aos bons Espíritos”. Admitia-se, em princípio, que Espíritos invisíveis estavam presentes e se comunicavam. Após essa invocação, era solicitado a um determinado número de pessoas sentadas à grande mesa, que se abandonassem à inspiração e que escrevessem. Qualificavam-nas de “médiuns escreventes”. Essas dissertações eram lidas, a seguir, para um auditório atento. Não se fazia nenhuma experiência física de mesa girante, movente ou falante. O presidente, Allan Kardec, declarava não dar nenhum valor a elas. Parecia que, para ele, os “ensinamentos dos Espíritos” deviam formar a base de uma nova doutrina, de uma espécie de religião.
    Na mesma época, e já há vários anos, meu ilustre amigo, Victorien Sardou[1]que tinha sido um ocasional freqüentador do Observatório, escrevera, como médium, páginas curiosas sobre os habitantes do planeta Júpiter e produziu desenhos pitorescos e surpreendentes, cujo intuito era o de representar as coisas e seres daquele mundo gigante. Ele desenhara as habitações de Júpiter. Uma de suas habitações coloca sob nossos olhos a casa de Mozart, outras, as casas de Zoroastro e de Bernard Palissy,[2] que seriam vizinhos rurais naquele imenso planeta. Essas habitações são etéreas e de uma requintada leveza. Poderemos julgá-las pelas duas figuras aqui reproduzidas (Pranchas II e III). A primeira representa a casa de Zoroastro e, a segunda, “o espaço dos animais”, na residência do mesmo filósofo. Nele podemos encontrar flores, redes, balanços, seres voadores e, embaixo, animais inteligentes que estão jogando um tipo especial de boliche, que consiste não em derrubar os pinos, mas em encaixá-los, como no bilboquê etc.
    Esses curiosos desenhos provam, indubitavelmente, que a assinatura “Bernard Palissy, em Júpiter” é apócrifa e que não foi um Espírito habitante desse planeta que dirigiu a mão de Victorien Sardou. Não foi, tampouco, o espiritual autor que concebeu previamente esses croquis e executou-os seguindo um plano determinado. Ele se encontrava, então, em um estado especial de “mediunidade”. Nesse estado, não somos nem magnetizados, nem hipnotizados, nem adormecidos de modo algum. Mas nosso cérebro não ignora o que produzimos, suas células funcionam e agem, certamente por meio de um movimento reflexo sobre os nervos motores. Todos nós acreditávamos, então, que Júpiter era habitado por uma raça superior: aquelas comunicações eram, portanto, o reflexo das idéias gerais. Hoje, não imaginaríamos nada de semelhante neste globo e, aliás, nunca as sessões espíritas nos ensinaram qualquer coisa sobre astronomia. Tais resultados não provam de forma alguma a intervenção dos espíritos. Os médiuns escreventes deram sobre isso alguma prova mais convincente? É o que teremos de examinar, sem qualquer parcialidade.
    Eu também tentei ver se, me concentrando, minha mão abandonada passivamente e dócil escreveria. Não tardei a constatar que, após ter traçado barras, “os”, linhas sinuosas mais ou menos entrelaçadas, como poderia fazê-lo a mão de uma criança de quatro anos que começava a escrever, minha mão acabou por dar origem a palavras e a frases.
    Prancha II – Casa imaginária de Zoroastro, em Júpiter – (Desenho mediúnico do senhor Victorien Sardou)
    Prancha III – Cena imaginária em Júpiter (Espaço dos animais na casa de Zoroastro). Victorien Sardou Médium (ass.) Bernard Palissy
    Naquelas reuniões na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, escrevi, por meu lado, páginas sobre astronomia, assinadas “Galileu”. Essas comunicações ficavam no escritório da sociedade, e Allan Kardec publicou-as em 1867, sob o títuloUranographie générale (Uranografia Geral), em seu livro intitulado La Gênese(Gênese) (do qual conservei um dos primeiros exemplares, com a dedicatória do autor). Essas páginas sobre astronomia nada me ensinaram. Não tardei em concluir que elas eram apenas o eco daquilo que eu sabia e que Galileu nada tinha a ver com aquilo. Era como uma espécie de sonho acordado. Além disso, minha mão parava quando eu pensava em outros assuntos.
    Eis o que eu dizia a esse respeito em minha obra Les Terres du Ciei (As Terras do Céu) (edição de 1884, p.181):
    O médium escrevente encontra-se em um estado no qual ele não está, de modo algum, nem adormecido, nem magnetizado, nem hipnotizado. Estamos, simplesmente, recolhidos em um círculo determinado de idéias. Então, o cérebro age, por meio do sistema nervoso, de um modo um pouco diferente do que ele age no estado normal. A diferença não é tão grande quanto supusemos. Vejam, principalmente, no que ela consiste. No estado normal, pensamos naquilo que iremos escrever, antes de começarmos o ato da escrita: agimos diretamente para mover nossa pena, nossa mão, nosso antebraço. Na outra condição, ao contrário, não pensamos antes de escrever, não fazemos mover nossa mão, deixando-a inerte, passiva, livre; colocamo-la sobre o papel, tendo o cuidado para que ela sofra a mínima resistência possível, pensamos em uma palavra, em um número, em um traço de pena, e nossa própria mão escreve sozinha. Mas é preciso pensar no que estamos fazendo, não antes, mas sem descontinuidade, pois, caso contrário, a mão para. Tentem, por exemplo, escrever a palavra oceano, não como de hábito, escrevendo-a voluntariamente, mas pegando um lápis, deixando simplesmente sua mão livremente colocada sobre um caderno, pensando nessa palavra e observando atentamente se sua mão a escreverá. Pois bem! Sua mão não tardará a escrever um o, a seguir um c e assim por diante. Pelo menos, foi a experiência que fiz comigo mesmo, quando eu estudava os novos problemas do espiritismo e do magnetismo.
    Sempre pensei que o círculo da ciência não era fechado e que temos ainda muita coisa a aprender. Nesses exercícios, é muito fácil enganar a si mesmo e acreditar que nossa mão está sob a influência de uma mente diferente da nossa. A conclusão mais provável dessas experiências foi que a ação desses espíritos estranhos não é necessária para explicar os fenômenos. Mas não cabe aqui entrar em mais pormenores a respeito de um assunto até o presente insuficientemente examinado pela crítica científica, e muitas vezes, mais explorado pelos especuladores do que estudado por cientistas.
    O que eu escrevi em 1884, posso repetir hoje, exatamente nos mesmos termos.
    Nos primeiros tempos, dos quais acabo de falar, relacionei-me rapidamente com os principais círculos de Paris onde essas experiências eram realizadas e até mesmo aceitei trabalhar, durante dois anos, como secretário devotado de um deles, o que teve como resultado o fato de eu não poder faltar a nenhuma sessão.
    Três métodos diferentes eram empregados para receber as comunicações: a escrita manual; a prancheta munida de um lápis, sobre a qual colocávamos as mãos, e as pancadas produzidas dentro da mesa – ou os movimentos da mesma – marcando determinadas letras de um alfabeto lido em voz alta por um dos assistentes.
    O primeiro método era o único empregado na Sociedade de Estudos Espíritas presidida por Allan Kardec. E é ele que deixa margem às maiores dúvidas.[3] E, de fato, ao término de dois anos de exercícios desse gênero, os quais também variei tanto quanto possível, sem quaisquer idéias preconcebidas a favor ou contra, e com o mais vivo desejo de conseguir desvendar as causas – o resultado foi o de concluir definitivamente que não apenas as assinaturas daquelas páginas não eram autênticas, mas também que a ação de uma causa externa não foi demonstrada, e que, em conseqüência de um processo cerebral a ser estudado, nós mesmos somos os seus autores mais ou menos conscientes.[4] Mas a explicação não é tão simples quanto possa parecer e há determinadas restrições a serem feitas sobre essa impressão geral.
    Ao escrevermos nessas condições – como já disse anteriormente – nós não criamos nossas frases como o faríamos em estado normal, mas, antes, nós esperamos que elas se produzam. Mas nossa mente está, mesmo assim, associada a esse processo. O assunto que está sendo tratado está relacionado com nossas idéias habituais; a língua escrita é a nossa, e se não tivermos certeza da ortografia de algumas palavras, haverá erros. Além disso, nossa mente está tão intimamente associada ao que escrevemos, que se nós pensarmos em outra coisa, se nos abstrairmos por pensamento do assunto tratado, nossa mão para ou escreve incoerências. Eis o estado do médium escrevente, pelo menos o que observei comigo mesmo. E uma espécie de autossugestão. Apresso-me em acrescentar, entretanto, que essa opinião só diz respeito, aqui, à minha experiência pessoal. Segundo asseguram, há médiuns absolutamente mecânicos, que não sabem o que estão escrevendo (vide mais adiante, p. 70), que tratam de assuntos por eles ignorados e que até escreveriam em línguas estrangeiras. Teríamos, nesse caso, uma condição diferente daquela que acabo de falar e que indicaria seja um estado cerebral especial, seja uma grande habilidade, seja uma causa externa, se fosse demonstrado que nossa mente não pode adivinhar o que ela ignora. Mas a comunicação de um cérebro a outro, de uma mente a outra é um fato provado pela telepatia. Podemos, portanto, conceber que um médium escreva sob a influência de uma pessoa próxima – ou mesmo distante. Vários médiuns compuseram, em sessões sucessivas, verdadeiros romances, como A História de Joana d’Arc, escrita por ela mesma, ou viagens a outros planetas, que parecem indicar uma espécie de desdobramento do indivíduo, uma segunda personalidade, mas sem nenhuma prova de autenticidade. Existe também um meio psíquico do qual falaremos mais adiante. No momento, ocupo-me apenas com o assunto deste capítulo, e repito as palavras de Newton: Hypotheses non fingo.
    Quando da morte de Allan Kardec, em 31 de março de 1869, a Sociedade Espírita veio pedir-me para pronunciar um discurso fúnebre junto ao seu túmulo. Nesse discurso, tomei o cuidado de dirigir a atenção dos espíritas para o caráter científico dos estudos a serem realizados e sobre o perigo de se deixar cair no misticismo. Reproduzirei aqui alguns trechos desse discurso:
    Eu gostaria de poder representar, ao pensamento daqueles que me ouvem, e ao daqueles milhões de homens que, na Europa inteira e no Novo Mundo estão ocupados com o problema ainda misterioso dos fenômenos denominados espíritas; – eu gostaria, repito, de poder representar-lhes o interesse científico e o futuro filosófico do estudo desses fenômenos (ao qual se entregaram, como ninguém ignora, homens eminentes entre os nossos contemporâneos). Gostaria de lhes fazer entrever quais horizontes desconhecidos o pensamento humano verá se abrir diante de si, à medida que ele estender o seu conhecimento positivo das forças naturais em ação ao nosso redor; mostrar-lhes que tais constatações são o antídoto mais eficaz da lepra do ateísmo, que parece atacar particularmente a nossa época de transição. Seria um ato importante estabelecer aqui, diante desta tumba eloqüente, que o exame metódico dos fenômenos espíritas, chamados erroneamente de sobrenaturais, longe de renovar a mente supersticiosa e enfraquecer a energia da razão, afasta, ao contrário, os erros e as ilusões da ignorância, e serve melhor ao progresso do que a negação ilegítima daqueles que não querem, de forma alguma, dar-se ao trabalho de observar. Esse complexo estudo deve entrar agora em seu período científico. Os fenômenos físicos sobre os quais não se insistiu suficientemente, devem se tornar o objeto da crítica experimental, sem a qual nenhuma constatação válida é possível. Esse método experimental ao qual devemos a glória do progresso moderno, e as maravilhas da eletricidade e do vapor; esse método deve tomar os fenômenos de ordem ainda misteriosa à qual nós assistimos, dissecá-los, medi-los, e defini-los.
    Porque, senhores, o espiritismo não é uma religião, mas é uma ciência, ciência da qual conhecemos apenas o beabá. O tempo dos dogmas acabou. A Natureza abarca o Universo, e, o próprio Deus, que era concebido outrora como a imagem do homem, não pode ser considerado pela metafísica moderna senão como um espírito na natureza. O sobrenatural não existe. Tanto as manifestações obtidas por intermédio dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural, e devem ser severamente submetidas ao controle da experiência. Não há mais milagres. Assistimos à aurora de uma ciência desconhecida. Quem poderia prever a quais conseqüências conduzirá, no mundo do pensamento, o estudo positivo dessa psicologia nova? Nosso olho não vê as coisas senão entre dois limites, aquém e além dos quais ele não vê mais. O nosso organismo terrestre pode ser comparado a uma harpa de duas cordas, que são o nervo óptico e o nervo auditivo. Uma determinada espécie de movimentos coloca em vibração a primeira corda e outra espécie de movimentos coloca em vibração a segunda: aí está toda a sensação humana, mais restrita do que a de certos seres vivos, de certos insetos, por exemplo, nos quais essas mesmas cordas, da visão e da audição, são mais delicadas. Ora, na realidade, existem na natureza não duas, mas dez, cem, mil espécies de movimentos. A ciência física nos ensina, portanto, que vivemos assim no meio de um mundo invisível para nós, e que não é impossível que seres (igualmente invisíveis para nós) vivam também sobre a Terra, em uma ordem de sensações absolutamente diferente da nossa, e sem que possamos apreciar a sua presença, a menos que eles se manifestem a nós por fatos que entrem na nossa ordem de sensações. Diante de tais verdades, que ainda apenas se anunciam, quanto a negação cega parece absurda e sem valor! Quando se compara o pouco que sabemos e a exiguidade da nossa esfera de percepção à quantidade de tudo o que existe, não podemos nos impedir de concluir que não sabemos nada e que tudo nos resta a saber. Com que direito pronunciaremos, pois, a palavra “impossível” diante dos fatos que constatamos sem poder descobrir suas causas? E pelo estudo positivo dos efeitos que se chega à apreciação das causas. Na ordem dos estudos reunidos sob a denominação genérica de “espiritismo”, os fatos existem. Mas ninguém conhece o seu modo de produção. Eles existem tanto quanto os fenômenos elétricos; mas, senhores, nós não conhecemos nem a biologia, nem a fisiologia, nem a psicologia. O que é o corpo humano? O que é o cérebro? Qual é a ação absoluta da alma? Nós o ignoramos. Ignoramos igualmente a essência da eletricidade, a essência da luz. É, pois, sábio observar, sem parcialidade, todos esses fatos, e tentar determinar-lhes as causas, que são, talvez, de espécies diversas e mais numerosas do que o supusemos até aqui.[5]
    Vemos que aquilo que eu proclamava publicamente, em 1869, do alto do outeiro acima da cova onde acabavam de descer o caixão de Allan Kardec, não difere do programa puramente científico desta obra.
    Eu disse, há pouco, que três métodos eram utilizados nessas experiências. Conhecemos o que eu penso a respeito do primeiro (escrita manual) (referente à minha observação pessoal, e sem querer invalidar outras provas, se existirem). Sobre o segundo, a prancheta, eu a conheci, principalmente, pelas sessões da senhora de Girardin[6] na casa de Victor Hugo, em Jersey: ele é mais independente que o primeiro, mas é ainda o prolongamento de nossa mão e de nosso cérebro. O terceiro, o das pancadas no móvel ou “tiptologia” parece-me ainda mais independente e em muitas circunstâncias, há quarenta e cinco anos, eu o empreguei preferencialmente. (O método das pancadas no assoalho realizadas por uma perna da mesa que se levanta, caindo a seguir, para marcar as letras soletradas não tem grande valor. A mínima pressão pode operar esses movimentos de báscula. O próprio experimentador principal produz as respostas, muitas vezes sem suspeitá-lo).
    Várias pessoas colocam-se ao redor de uma mesa, as mãos colocadas sobre a mesma, e esperam o que se produzirá. Ao fim de cinco, dez, quinze, vinte minutos, conforme o meio ambiente e as faculdades dos experimentadores, escutam-se as pancadas na mesa ou se assistem aos movimentos do móvel, que parece se animar. Por que escolhemos uma mesa? Porque é praticamente o único móvel ao redor do qual temos o hábito de nos sentar. As vezes, a mesa eleva-se sobre uma ou várias pernas e sofre lentas oscilações; outras vezes, ela se ergue como se estivesse grudada às mãos postas sobre ela, e isso durante dois, três, cinco, dez ou vinte segundos; outras vezes, ela adere ao assoalho com tanta força, que parece que ela duplicou, triplicou de peso. Outras vezes, ainda, e quase sempre a pedido dos assistentes, ouvem-se ruídos de serra, de machado, de lápis escrevendo etc. Esses são os efeitos físicos observados, que provam irrefutavelmente a existência de uma força desconhecida.
    Essa força é uma força física de ordem psíquica. Se somente observássemos movimentos desprovidos de sentido, de um tipo ou de outro, cegos, relacionados apenas com as vontades dos assistentes e não explicáveis apenas pelo contato das mãos dos experimentadores, poderíamos nos limitar à conclusão de que se trata de uma força desconhecida, que poderia ser uma transformação de nossa força nervosa, da eletricidade orgânica, e isso já seria algo considerável. Mas as pancadas na mesa, ou dadas pelas suas pernas, são executadas em resposta às perguntas feitas à mesa. Como todos nós sabemos que a mesa é um pedaço de madeira, ao nos dirigirmos a ela, estamos nos dirigindo a algum agente mental que ouve e que responde. Foi nessa categoria que os fenômenos começaram, nos Estados Unidos, quando, em 1848, as senhoritas Fox escutaram, em seus quartos, ruídos, pancadas nos muros e nos móveis, e que seu pai, após vários meses de pesquisas vexatórias, acabou por valer-se da velha história das almas do outro mundo, pedindo à causa invisível uma explicação qualquer. Essa causa respondeu por meio de pancadas tradicionais às perguntas feitas e declarou que ela era a alma do antigo proprietário, outrora assassinado em sua própria casa. A referida alma pediu preces e o sepultamento do corpo.
    (Desde aquela época, convencionou-se que uma pancada dada como resposta a uma pergunta significaria sim, duas significariam não e que três pancadas significariam uma afirmativa mais enfática do que o simples sim).
    Apressemo-nos em observar imediatamente que essa resposta nada prova, e pode ter sido dada, de uma maneira inconsciente, pelas próprias senhoritas Fox que, nesse caso, não podemos considerar que estivessem representando uma comédia. Elas foram as primeiras a ficarem surpresas, espantadas, transtornadas com as pancadas produzidas por elas. A hipótese de impostura e de mistificação, cara a certos críticos, não tem a mínima aplicação aqui – muito embora, com muita freqüência, essas pancadas e esses movimentos sejam produzidos por farsantes.
    Existe uma causa invisível, produtora dessas pancadas. Essa causa está em nós ou fora de nós? Seríamos suscetíveis de nos desdobrar, de algum modo, sem o sabermos, de agirmos por sugestão mental, de respondermos a nós mesmos sem desconfiar, de produzirmos efeitos físicos inconscientemente? Ou então, existiria ao nosso redor um meio inteligente, uma espécie de cosmos espiritual? Ou ainda, estaríamos cercados de seres invisíveis que não seriam humanos: gnomos, duendes, trasgos (pode existir, em torno de nós, um mundo desconhecido), ou, enfim, seriam realmente as almas dos mortos que sobreviveriam, errariam e poderiam comunicar-se conosco? Todas as hipóteses se apresentam, e não temos o direito científico absoluto de desprezar qualquer uma delas.
    A elevação de uma mesa e o deslocamento de um objeto poderiam ser atribuídos a uma força desconhecida desenvolvida por nosso sistema nervoso ou por outra via. Pelo menos, esses movimentos não provam a existência de um espírito estranho. Mas, quando ao nomear as letras do alfabeto ou apontá-las sobre um cartão, a mesa, seja por meio de pancadas na madeira, seja por meio de elevações, compõe uma frase inteligível, somos forçados a atribuir esse efeito inteligente a uma causa inteligente. Essa causa pode ser o próprio médium, e o mais simples, evidentemente, é supor que ele próprio bate as letras. Mas podemos organizar as experiências de tal maneira que ele não possa agir assim, mesmo inconscientemente. Nosso primeiro dever é, com efeito, tornar a fraude impossível.
    Todos aqueles que estudaram suficientemente o assunto sabem que a fraude não explica o que eles observaram. Com certeza, nas reuniões espíritas sociais, às vezes as pessoas se divertem. Principalmente quando as sessões realizam-se no escuro, e que a alternância de sexos é ordenada para “reforçar os fluidos”, não é raro que os cavalheiros aproveitem a tentação para esquecer momentaneamente o objetivo da reunião e romper a cadeia das mãos para formar outra diferente. As senhoras e as moças prestam-se a isso com prazer, e quase ninguém reclama. Por outro lado, fora das reuniões sociais, às quais as pessoas são convidadas sobretudo para se distraírem, as reuniões mais sérias não são, muitas vezes, mais seguras, porque o médium, interessado de alguma forma ou de outra, faz questão de dar o melhor que ele pode… mesmo realizando uma intervenção discreta.
    Em uma folha de um bloco de notas que acabei de reencontrar, eu tinha classificado as reuniões espíritas na ordem abaixo, sem dúvida um pouco original:
    1º) Carícias amorosas (foi feita uma crítica similar às ágapes cristãs).
    2º) Charlatanismo dos médiuns, que abusam da credulidade da assistência.
    3º) Alguns pesquisadores sérios.
    Na época da qual falava há pouco (1861-1863), participei, como secretário, de experiências realizadas regularmente uma vez por semana no salão de uma médium reputada, a senhorita Huet, na rua Mont-Thabor. A mediunidade era, de algum modo, sua profissão e, mais de uma vez, ela foi flagrada blefando admiravelmente. Podemos supor que ela própria, com muita freqüência, dava as pancadas, batendo seus pés contra a mesa. Mas obtínhamos, muitas vezes, ruídos de serra, de plaina, de ribombo de tambor, de torrentes, impossíveis de imitar. A fixação da mesa ao assoalho também não pode ser produzida pela fraude… Quanto às levitações da mesa, como já disse, aquele que com a mão tentava opor resistência ao seu levantamento, sentia a mesma impressão que sentiria se a mesa estivesse flutuando sobre um fluido. Dessa forma, não vemos como a médium poderia produzir esse efeito. E tudo se passava na mais perfeita claridade.
    As comunicações recebidas nas inúmeras reuniões (várias centenas) às quais assisti, tanto naquela época quanto posteriormente, mostraram-me, constantemente, resultados compatíveis com o nível de instrução dos participantes. Naturalmente, fiz muitas perguntas sobre astronomia. As respostas nunca nos ensinaram nada, e devo, em nome da verdade, declarar que, se há espíritos, entidades psíquicas independentes de nós em ação nessas experiências, esses seres não sabem mais do que nós sobre os outros mundos.
    Um eminente poeta, o senhor P. F. Mathieu, participava ordinariamente das reuniões do salão da rua Mont-Thabor, e obtivemos algumas vezes trechos de versos muito bonitos, que certamente não era ele que escrevia conscientemente, pois, como nós, ele estava lá para estudar. O senhor Joubert, vice-presidente do Tribunal Civil de Carcassonne, publicou Fables et Poésies Diverses (Fábulas e Poesias Diversas), por um espírito batedor, que mostram, com evidência, um reflexo de seus pensamentos costumeiros. Havia, entre nós, filósofos cristãos: a mesa ditava-nos belos pensamentos assinados por Pascal, Fénelon, Vicente de Paulo, Santa Tereza. Um espírito que assinava Bal-thasar Grimod de La Reynière[7]ditava desopilantes dissertações sobre culinária e sua especialidade era a de fazer dançar a pesada mesa com mil contorções. Rabelais aparecia às vezes como um alegre companheiro, ainda apreciando os aromas dos pratos suculentos. Certos espíritos divertiam-se em fazer tours de force em criptologia. Cito, abaixo, alguns tipos dessas comunicações realizadas por meio de pancadas:
    Spiritus ubi vult spirat; et vocem ejus audis, sed nescis unde veniat aut quo vadat. Sic est omnis qui natus est ex spiritu. (João, III, 8) (O Espírito sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem e para onde vai. Assim é todo aquele que nasceu do Espírito).
    Dear little sister, I am here, and see that you are as good as ever. You are a medium. I will go to you with great happiness. Tell my mother her dear daughter loves her from this world. (Querida irmãzinha, eu estou aqui e vejo que você continua boa como sempre. Você é médium. Eu irei até você com grande alegria. Diga à minha mãe que, deste mundo, sua querida filha a ama).
    Louisa 
    Alguém perguntou ao espírito se ele poderia, por meio de pancadas, reproduzir as palavras gravadas na parte interna do seu anel, “Eu amo que me amem como eu amo quando eu amo”.
    Tendo um participante suspeitado que a mesa ao redor da qual estávamos sentados podia esconder um mecanismo que dava as pancadas, uma das frases foi ditada por meio de pancadas dadas no ar.
    Segue outra série de frases:
    Je suis ung ioyeux compaignon qui vous esmarveille-ray avecques mes discoursje ne suispas ung Esperict matéologien, je vestiray mon liripipion et je diray: Beuvez Veaue de la cave, poy plus, poy moins, serez content. (Eu sou um alegre companheiro que vos alegrará com meus discursos, não sou um Espírito vão, vestirei meu capuz com liripipe[8] e direi: Bebei a água da adega,[9] nem mais, nem menos e ficareis contentes).
    Alcofribaz Nazier[10]
    Tendo surgido uma viva discussão a respeito dessa visita inesperada e dessa linguagem que alguns eruditos não consideravam bastante rabelaisiana, a mesa ditou:
    Bons enfants estes de vous esgousiller à ceste besterie. Mieux vault que beuviez froid que parliez chaud. (Vós sois como bons meninos a se esgoelarem com essa besteira. Seria melhor que bebêsseis frio do que falásseis quente).
    Rabelais
     Liesse et Noël! Monsieur Satan est défun, et de mâle mort. Bien marrys sont les moynes, moynillons, bigotz et cagotz, carmes chaulx et déchaulx, papelards et frocards, mitrez et encapuchonnez: les vécy sans couraige, les Esperictz les ont destrosnez. Plus ne serez roustiz et eschaubouillez ez marmites nomachales et roustissoires diaboliques; foin de ces billevesées papales et cléricquales. Dieu est bon, iuste etplein de misérichorde; il dict à sespetits enfancts: aimez-vous les ungs les autres et il pardoint à la repen-tance. Le grand dyable d’enfer est mort; vive Dieu! (Festa e Alegria! O senhor Satã morreu, e de má morte. Bem aflitos estão os monges e fradépios, carolas e falsos beatos, carmelitas calçados e descalços, falsos devotos e padrecos, mitrados e encapuzados: ei-los aqui sem coragem, os Espíritos destronaram-nos. Vós não sereis mais assados e fervidos nos caldeirões monacais e grelhas diabólicas; malditas sejam essas besteiras papais e clericais. Deus é bom, justo e cheio de misericórdia; ele disse aos seus fuhinhos: amai-vos uns aos outros e ele perdoará o arrependido. O grande diabo do inferno está morto: viva Deus!).
    Mais algumas séries:
    Suov ruop erètsym nu sruojuot tnores emêm sruei-sulp; erdnerpmoc ed simrep erocne sap tse suov en liuq snoitseuq sed ridnoforppa ruop tirpse’1 sap retne-mruot suov en. Liesnoc nob nu zevius. Suov imrap engèr en edrocsid ed tirpse’1 siamaj euq. Arevèlé suov ueid te serèrfsov imrap sreinred sei zeyos; évelé ares essiaba’s iuq iulec, éssiaba ares evèlé’s iuq iulec.(Aquele que se enaltece, será rebaixado. Sede os últimos dos vossos irmãos e Deus vos enaltecerá. Que nunca o espírito de discórdia reine entre vós. Segui um bom conselho. Não atormenteis o espírito para aprofundar questões cuja compreensão ainda não vos é permitida; muitas delas serão mesmo um mistério para vós).
    É preciso ler essas frases de trás para frente, começando pelo fim.
    Perguntamos:
    – Por que você ditou assim? Foi respondido:
    – Para dar-lhes provas novas e inesperadas. Eis uma nova frase, de outro tipo:
    Acmairsvnoouussevtoeussbaoinmsoentsfbiideen,leosus.
    Sloeysepzrrmntissaeinndtieetuesnudrrvaosuessmaairlises.
    Perguntei:
    – O que significa essa composição estranha de letras? Foi respondido:
    – Leia de duas em duas letras, para responder suas dúvidas. Essa composição resulta nos quatro versos seguintes:
    Amigos, nós gostamos muito de vós,
    Pois vós sois bons e fiéis.
    Sede unidos em Deus: sobre vós
    O Espírito Santo estenderá suas asas.
    Certamente, é bastante inocente e sem pretensões poéticas. Mas havemos de convir que esse tipo de ditado é de uma dificuldade bastante rigorosa.[11]
    Falamos sobre os projetos humanos. A mesa dita:
    Quando o sol brilhante dissipa as estrelas,
    Sabeis, oh, mortais, se vereis a noite?
    E quando o céu se funde em fúnebres véus,
    E um amanhã: podereis revê-lo?
    Perguntamos: – O que é a fé?
    A fé? É como um campo abençoado
    Que gera uma colheita soberba,
    E cada trabalhador nele pode infinitamente
    Ceifar e colher, depois levar seu feixe.
    Mais alguns exemplos de ditados:
    A ciência é uma floresta, onde alguns traçam estradas, onde muitos se perdem, e onde todos vêem os limites da floresta recuar à medida que eles avançam. Deus não ilumina o mundo com o raio e os meteoros. Ele dirige calmamente os astros que iluminam esse mundo. Assim as revelações divinas suceder-se-ão com ordem, razão e harmonia.
    A Religião e a Amizade são duas companheiras que ajudam a percorrer a árdua vereda da vida.
    Não resisto ao prazer de inserir, para terminar, uma fábula igualmente ditada pelo método das pancadas, que me foi enviada pelo senhor Joubert, vice-presidente do Tribunal Civil de Carcassonne. Podemos discutir sua opinião, mas seu princípio não é aplicável a todas as épocas e a todos os governos? Os “arrivistas” não existem em todos os tempos?
    O rei e o camponês 
    Um rei que profanava a liberdade pública, que durante vinte anos saciou-se com o sangue dos heréticos, esperando do carrasco a paz dos seus velhos dias. Decrépito, saturado dos amores adúlteros, esse rei, esse orgulhoso de quem fizeram um grande homem, Luís XIV, enfim, se é preciso que eu lhe dê um nome, Outrora sob as abóbadas de verdura de seus vastos jardins passeava com sua Scarron,[12] sua vergonha e suas tristezas. Acompanhavam-no cortesãos e a nobre criadagem. Cada um perdia, pelo menos, dez polegadas de seu tamanho; pajens, condes, marqueses, duques, príncipes, marechais, ministros inclinavam-se diante de ultrajantes rivais. Mais humildes que um litigante pedindo audiência, sérios magistrados faziam reverências. Era divertido ver fitas, cruzes e condecorações, sobre suas túnicas bordadas andarem de costas.
    Assim, sempre, sempre essa ignóbil obsequiosidade. Eu gostaria de uma manhã acordar Imperador, expressamente para fustigar a coluna de um bajulador. Sozinho, caminhando à sua frente, mas sem curvar a cabeça, prosseguindo seu caminho a passos lentos, modesto, coberto de tecidos grosseiros, um camponês, ou se quisermos, talvez um filósofo, atravessou a corte de grupos insolentes:
    – Oh! – exclamou o rei, demonstrando sua surpresa – Por que sois o único a me enfrentar sem dobrar os joelhos?
    – Senhor – disse o desconhecido, quereis que eu seja franco? É porque eu sou o único neste lugar que nada espero de vós.
    Se refletirmos sobre a maneira pela qual essas sentenças, essas frases, essas peças diversas foram ditadas, letra por letra, seguindo o alfabeto, pancada por pancada, apreciaremos sua dificuldade. As pancadas são dadas no interior da madeira da mesa, das quais sentimos as vibrações, ou dentro de outro móvel, ou mesmo no ar. A mesa, como notamos, é animada, impregnada de uma espécie de vitalidade momentânea. Ritmos de árias conhecidas, ruídos de serra, de trabalhos de oficina, de fuzilaria assim são obtidos. A mesa, às vezes, torna-se tão leve, que ela plana um momento no ar e, às vezes tão pesada que dois homens não conseguem soltá-la do assoalho, nem fazê-la se mexer. É importante termos em mente todas essas manifestações, muitas vezes pueris, sem dúvida, às vezes vulgares e grotescas, mas, entretanto, produzidas pelo processo em questão, para compreendermos exatamente os fenômenos e sentir que aqui estamos em presença de um elemento desconhecido que a impostura e a prestidigitação não podem explicar.
    Algumas pessoas têm a faculdade de mexer separadamente os dedos do pé, e de produzirem algumas pancadas por esse processo. Se supusermos que os ditados pelas combinações citadas há pouco foram previamente preparados, aprendidos de cor, e assim batidos, isso seria bastante simples. Mas essa faculdade é muito rara e ela não explica os ruídos dentro da mesa, sentidos pelas mãos. Podemos supor, também, que o médium bate na mesa com o pé e constrói as frases que lhe agradam. Mas, por um lado, seria necessária uma fabulosa memória para se obter exatamente aquela combinação de letras (pois o médium nada tem sob os olhos) e, por outro, aqueles ditados barrocos também foram produzidos em reuniões íntimas, nas quais ninguém blefava.
    Mas imaginarmos que estão presentes espíritos superiores em comunicação com os experimentadores; imaginarmo-nos evocando São Paulo ou Santo Agostinho, Arquimedes ou Newton, Pitágoras ou Copérnico, Leonardo da Vinci ou William Herschel e deles recebermos ditados em uma mesa, é uma hipótese que se elimina por si só.
    Um pouco acima, tratamos dos desenhos e das descrições jupiterianos do senhor Victorien Sardou. Cabe, aqui, citarmos a carta que ele enviou ao senhor Jules Claretie,[13] que a publicou no jornal Le Temps, na época em que o erudito acadêmico encenou sua peça Spiritisme (Espiritismo):
    … Quanto ao espiritismo, eu poderei melhor expressar o que penso em três palavras do que eu o faria em três páginas. Em parte o senhor tem razão e, em parte, o senhor está errado. Perdoe-me a franqueza de julgamento. Há duas coisas no espiritismo: fatos curiosos, inexplicáveis no estado atual dos nossos conhecimentos, mas constatados, e também, aqueles que os explicam. Os fatos são reais. Aqueles que os explicam pertencem a três categorias: há, primeiramente, os espíritas imbecis, ou ignorantes, ou loucos, que evocam Epaminondas,[14] os quais, justamente, são motivo de zombaria, ou que crêem na intervenção do diabo, em suma, que acabam no hospício de Charenton.
    Secundo, há os charlatães, a começar por D., impostures de toda espécie, os profetas, os médiuns consulentes, os A. K., e tutti quanti.
    Há, enfim, os cientistas, que crêem tudo poder explicar por meio da impostura, da alucinação e dos movimentos inconscientes, como Chevreul[15] e Faraday e que, tendo razão a respeito de alguns dos fenômenos que lhes descrevem, e que são, realmente, alucinação ou impostura, estão errados, todavia, a respeito de toda a série de fatos primitivos, que não se dão ao trabalho de verificar, e que são, entretanto, os mais sérios. Estes são muito culpados, pois, com sua oposição aos experimentadores sérios (como Gasparin,[16] por exemplo), e com suas explicações insuficientes, eles abandonaram o espiritismo à exploração de toda a espécie de charlatães, e autorizaram, ao mesmo tempo, os amadores sérios a não mais se ocuparem do mesmo.
    Há, em ultimo lugar, os observadores (mas é raro) como eu que, incrédulos por natureza, tiveram que reconhecer, ao longo do tempo, que há em tudo isso fatos rebeldes a qualquer explicação científica atual, sem renunciarem, por isso, a vê-los explicados um dia, e que, desde então, aplicaram-se a discernir os fatos, a submetê-los a alguma classificação, que mais tarde se converterá em lei. Estes se mantêm afastados, como eu o faço, de toda camarilha, de todo os cenáculos, de todos os profetas e, satisfeitos com a convicção adquirida, limitam-se a ver no espiritismo a aurora de uma verdade, ainda muito obscura, que algum dia encontrará seu Ampère, como as correntes magnéticas, deplorando que essa verdade pereça, sufocada entre estes dois excessos: o da credulidade ignorante que crê em tudo e o da incredulidade científica que não crê em nada.
    Eles encontram na sua convicção e na sua consciência a força de enfrentar o pequeno martírio do ridículo que se une à crença que alardeiam, duplicada por todas as tolices que as pessoas não deixam de lhes atribuir, e não julgam que o mito com o qual as pessoas os revestem mereça nem mesmo a honra de uma refutaçào.
    Similarmente, nunca tive vontade de demonstrar a quem quer que seja que nem Molière, nem Beaumarchais tiveram alguma influência em minhas peças. Parece-me que isso é mais do que evidente.
    Quanto às casas de Júpiter, é preciso perguntar às boas pessoas que supõem que eu esteja convencido de sua existência, se eles estão persuadidos que Gulliver acreditava em Lilliput,[17] Tommaso Campanella na Cidade do Sol e Thomas Moras na Utopia.
    Contudo, o que é verdade é que o desenho do qual o senhor fala (Prancha III) foi feito em menos de dez horas. Como isso se originou, eu não dou quatro centavos para sabê-lo; mas o fato é outro assunto.
    V. Sardou 
    Talvez não se passe um só ano sem que médiuns me tragam desenhos de plantas e de animais da Lua, de Marte, de Vênus ou de algumas estrelas. Esses desenhos são mais ou menos bonitos e mais ou menos curiosos. Mas, não somente nada nos leva a admitir que eles representem, realmente, coisas reais existentes em outros mundos, como também tudo prova, ao contrário, que eles são produto da imaginação: essencialmente terrestres de aspectos e de formas, não correspondendo nem mesmo ao que conhecemos das possibilidades de vida naqueles mundos. Os desenhistas deixaram-se enganar pela ilusão. Essas plantas e esses seres são metamorfoses, por vezes elegantes, dos organismos terrestres. Ainda, talvez o mais curioso seja que todos esses desenhos assemelham-se pela maneira com que foram traçados e trazem, de alguma maneira, a marca mediúnica.
    Mas voltando às minhas experiências, na época em que eu escrevia como médium, eu produzia, geralmente, dissertações sobre astrologia ou filosofia, assinadas “Galileu”. Como exemplo, citarei apenas uma, extraída dos meus cadernos de 1862.
    A ciência 
    A inteligência humana elevou suas potentes convicções até os limites do espaço e do tempo; ela penetrou no campo inacessível das eras antigas, sondou o mistério dos céus insondáveis, e acreditou ter explicado o enigma da criação. O mundo exterior desfiou aos olhares da ciência seu panorama esplêndido e sua magnífica opulência e os estudos do homem conduziram-no ao conhecimento da verdade. Ele explorou o Universo, encontrou a expressão das leis que o regem e a aplicação das forças que o sustentam, e se não lhe foi dado olhar, frente a frente, a Causa primeira, ao menos ele chegou à noção matemática da série de causas segundas.
    Sobretudo neste último século, o método experimental, o único que é verdadeiramente científico, foi colocado em prática nas ciências naturais, e com sua ajuda, o homem sucessivamente despojou-se dos preconceitos da antiga Escola e das teorias especulativas, para encerrar-se no campo da observação e cultivá-lo com cuidado e inteligência.
    Sim, a ciência humana é sólida e fecunda, digna de nossas homenagens por seu passado difícil e longamente posto à prova, digna de nossas simpatias por seu futuro pleno de descobertas úteis e vantajosas. Pois a natureza é doravante um livro acessível às pesquisas bibliográficas do homem estudioso, um mundo aberto às investigações do pensador, uma região fértil que a mente humana já visitou, e na qual é preciso corajosamente avançar, tendo na mão a experiência como uma bússola…
    Um antigo amigo da minha vida terrena falava-me recentemente desta forma: Uma peregrinação nos tinha levado à Terra, e estudávamos, de novo, moralmente esse mundo. Meu companheiro acrescentava que o homem está hoje familiarizado com as leis mais abstratas da mecânica, da física, da química etc, que as aplicações à indústria não são menos dignas de nota que as deduções da ciência pura, e que a criação inteira, cientificamente estudada por ele, parece ser, de hoje em diante, seu real apanágio. E como prosseguíssemos nossa viagem para fora deste mundo, respondi-lhe nestes termos: Fraco átomo perdido num ponto insensível do infinito, o homem acreditou estar abarcando com seu olhar a extensão universal, quando ele apenas estava saindo da região em que ele morava; ele acreditou estar estudando as leis da natureza inteira, quando suas apreciações apenas tinham se limitado às forças em ação ao seu redor; ele acreditou estar determinando a extensão do céu, quando se consumia na determinação de um grão de poeira. O campo de suas observações é tão exíguo que, uma vez perdido de vista, a mente o procura sem achá-lo; o céu e a terra humanos são tão pequenos que a alma, em seu progresso, não tem tempo de abrir suas asas antes de chegar às últimas paragens acessíveis à observação humana, pois o Universo incomensurável nos cerca por todos os lados, desdobrando, para além de nossos céus, riquezas desconhecidas, colocando em jogo forças inconcebíveis e propagando ad infinitum o esplendor e a vida.
    E o miserável ácaro privado de asas e de luz, cuja triste existência se consome na folha que lhe deu a existência, pretenderia, porque ele dá alguns passos sobre essa folha agitada pelo vento, ter o direito de falar sobre a imensa árvore a que ela pertence, sobre a floresta da qual essa árvore faz parte, e discutir sagazmente sobre a natureza dos vegetais que nessa floresta se desenvolvem, sobre os seres que nela habitam, sobre o sol longínquo cujos raios dão a ela movimento e vida? – Na verdade, o homem é estranhamente presunçoso de querer mensurar a grandeza infinita com a medida de sua infinita pequenez.
    Por conseguinte, esta verdade deve estar bem impressa em sua mente: que se os labores áridos dos séculos passados lhe deram o primeiro conhecimento das coisas, se o progresso da mente colocou-o no vestíbulo do saber, ele ainda não fez senão soletrar a primeira página do Livro e, como uma criança suscetível de se enganar a cada palavra, longe de pretender interpretar doutamente a obra, ele deve se contentar em estudá-la humildemente, página por página, linha por linha. Felizes, entretanto, são os que podem fazê-lo.
    Galileu 
    Esses pensamentos eram-me habituais: são os de um estudante de dezenove, vinte anos, que adquiriu o hábito de pensar. Não duvido que eles emanassem totalmente do meu intelecto, e que o ilustre astrônomo florentino nada tivesse a ver com isso.
    Foi, aliás, uma colaboração da mais completa inverossimilhança.
    O mesmo aconteceu em todas as comunicações de ordem astronômica. Elas não fizeram a ciência avançar nenhum passo.
    Nenhum ponto da história, obscuro, misterioso ou inverídico foi tampouco esclarecido pelos espíritos.
    Nunca escrevemos senão aquilo que sabemos, e nem o acaso deu-nos alguma coisa. Todavia, algumas transmissões inexplicáveis deverão ser discutidas. Mas elas continuam na esfera humana.
    Para responder imediatamente às objeções que certos espíritas me endereçaram contra essa conclusão de minhas observações, eu citarei, como exemplo, o caso dos satélites de Urano, porque ele é o principal caso apresentado perpetuamente como prova de uma intervenção científica dos espíritos.
    Há muitos anos, aliás, recebi, de diversos locais, o convite insistente para examinar um artigo do general Drayson,[18] publicado, em 1884, no jornal Light, intitulado The solution of scientific problems by Spirits (Solução de Problemas Científicos pelos Espíritos), no qual é afirmado que os espíritos fizeram com que se conhecesse o verdadeiro movimento orbital dos satélites de Urano. Compromissos urgentes sempre me impediram de fazer esse exame, mas tendo esse caso sido apresentado recentemente como decisivo para várias obras espíritas, insistiram com tanta persistência, que acredito ser útil fazer essa análise aqui.
    Para minha grande decepção, há no artigo um erro, e os espíritos não nos falaram nada. Eis este exemplo, apresentado erroneamente como demonstrativo. O escritor russo Alexander Aksakof o expõe nos seguintes termos (Animisme et Spiritisme (Animismo e Espiritismo), p. 341):
    O fato que iremos relatar parece resolver todas as objeções: ele foi comunicado pelo major-general A.W Drayson, e publicado sob o título: The Solution of scientific problems by Spirits. Segue sua tradução:
    Tendo recebido do senhor Georges Stock uma carta em que me perguntava se eu podia citar ao menos um exemplo de que um espírito tivesse resolvido, durante uma sessão, um desses problemas científicos que embaraçaram os cientistas, tenho a honra de comunicar-lhe o fato seguinte, do qual fui testemunha ocular. Em 1781, William Herschel descobriu o planeta Urano e seus satélites. Observou que esses satélites, ao contrário de todos os outros satélites do sistema solar, percorrem suas órbitas do oriente ao ocidente, Sir John F. Herschel diz em seus Outlines of Astronomy(Elementos de Astronomia): As órbitas desses satélites apresentam particularidades completamente inesperadas e excepcionais, contrárias às leis gerais que regem os corpos do sistema solar. Os planos de suas órbitas são quase perpendiculares à eclíptica, fazendo um ângulo de 70° 58’[19] e eles os percorrem com movimento retrógrado, isto é, sua revolução ao redor do centro do seu planeta efetua-se do leste para o oeste, ao invés de seguir o sentindo inverso. Quando Laplace emitiu a teoria de que o Sol e todos os planetas se formaram à custa de uma matéria nebulosa, esses satélites eram um enigma para ele. O Almirante Smyth menciona em seu Celestial Cycle(Ciclo Celeste) que o movimento desses satélites, para estupefação de todos os astrônomos, é retrógrado, ao contrário do movimento de todos os outros corpos observados até então.
    Todas as obras sobre a Astronomia, publicadas antes de 1860, contêm o mesmo raciocínio a respeito dos satélites de Urano.
    Por meu lado, não encontrei explicação alguma para essa particularidade; tanto para mim, quanto para os escritores que citei, isso era um mistério. Em 1858, eu tinha como hóspede, em minha casa, uma senhora que era médium, e organizamos sessões quotidianas.
    Certa noite, ela me disse que via a meu lado um espírito que pretendia ter sido astrônomo durante sua vida terrestre. Perguntei a esse personagem se era mais sábio, agora, do que durante sua vida terrestre.
    – Muito mais, respondeu-me ele.
    Tive a lembrança de apresentar a esse pretenso espírito uma pergunta a fim de experimentar seus conhecimentos:
    – Pode dizer-me, perguntei-lhe, por que os satélites de Urano fazem sua revolução de leste para oeste e não de oeste para leste?
    Recebi imediatamente a seguinte resposta:
    – Os satélites de Urano não percorrem sua órbita do oriente para o ocidente; eles giram ao redor de seu planeta, do ocidente para o oriente, no mesmo sentido em que a Lua gira ao redor da Terra. O erro provém do fato que o polo sul de Urano estava voltado para a Terra no momento da descoberta desse planeta; do mesmo modo que o Sol, visto do hemisfério austral, parece fazer o seu percurso quotidiano da direita para a esquerda e não da esquerda para a direita, os satélites de Urano moviam-se da esquerda para a direita, o que não quer dizer que eles percorriam sua órbita do oriente para o ocidente. Em resposta a outra pergunta que apresentei, meu interlocutor acrescentou:
    – Enquanto o polo sul de Urano permaneceu voltado para a Terra, para um observador terrestre parecia que os satélites se deslocavam da esquerda para a direita, e concluiu-se daí, erradamente, que eles se dirigiam do oriente para o ocidente e esse estado de coisas durou cerca de quarenta e dois anos. Quando o polo norte de Urano está voltado para a Terra, seus satélites percorrem sua trajetória da direita para a esquerda, e sempre do ocidente para o oriente.
    A respeito dessa resposta, perguntei como acontecera de não se ter reconhecido o erro quarenta e dois anos depois da descoberta do planeta Urano por William Herschel. Ele me respondeu:
    – É porque os homens não fazem mais do que repetir o que disseram as autoridades que os precederam. Deslumbrados pelos resultados obtidos por seus predecessores, eles não se dão ao trabalho de refletir sobre o assunto.
    É essa a “revelação” de um espírito sobre o sistema de Urano, publicada por Drayson e apresentada por Aksakof e outros autores como uma prova irrefragável da intervenção de um espírito na solução desse problema.
    Eis o resultado da discussão imparcial sobre esse assunto, por sinal muito interessante.
    O raciocínio do “espírito” é falso. O sistema de Urano é quase perpendicular ao plano da órbita. É o oposto do sistema dos satélites de Júpiter, que giram quase no plano da órbita. A inclinação do plano dos satélites sobre a eclíptica é de 98º, e o planeta gravita quase no plano da eclíptica. Essa é uma consideração fundamental na imagem que devemos fazer do aspecto desse sistema, visto da Terra.
    Adotemos, entretanto, para o sentido do movimento de revolução desses satélites ao redor do seu planeta, a projeção sobre o plano da eclíptica, como, aliás, estamos habituados a fazer. O autor pretende que “quando o polo norte de Urano está voltado para a Terra, seus satélites percorrem sua trajetória da direita para a esquerda, ou seja, do ocidente para o oriente”. O espírito declara que os astrônomos estão errados e que os satélites de Urano giram ao redor do seu planeta do oeste para o leste, no mesmo sentido que a Lua gira ao redor da Terra.
    Para percebemos exatamente a posição e o sentido dos movimentos desse sistema, construímos uma figura geométrica especial, clara e precisa.
    Representamos sobre um plano a aparência da órbita de Urano e de seus satélites vistos do hemisfério norte da esfera celeste (figura A).
    A parte da órbita dos satélites acima do plano da órbita de Urano foi desenhada em traço contínuo e hachuras e a parte abaixo, somente em traço pontilhado.
    Vemos, pela direção das setas, que o movimento de revolução dos satélites, projetado sobre o plano da órbita, é bem retrógrado. Qualquer afirmação dogmática contrária é absolutamente errônea.
    Esses satélites giram no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio, da esquerda para a direita, considerando-se a parte superior dos círculos.
     O erro do médium provém do fato de que ele pretendeu que o polo sul de Urano teria estado voltado para nós na época da descoberta. Ora, em 1781, o sistema de Urano ocupava, relativamente a nós, quase a mesma posição que em 1862, já que sua revolução é de 84 anos. Vemos na figura que o planeta, naquela época, apresentava-nos seu polo mais elevado acima da eclíptica, ou seja, seu polo norte.
    O general Drayson deixou-se induzir em erro ao adotar, sem controlá-las, essas premissas paradoxais. Efetivamente, se Urano nos tivesse apresentado seu polo sul em 1781, o movimento dos satélites seria direto. Mas as observações do ângulo de posição das órbitas quando de suas passagens para os nós mostram-nos, com muita evidência, que era realmente o polo norte que estava naquele momento voltado para o Sol e para a Terra, o que toma o movimento direto impossível e o movimento retrógrado indubitável.
    Para maior clareza, acrescentei na figura A, exteriormente à orbita, o aspecto do sistema de Urano visto da Terra, nas quatro principais épocas da revolução daquele planeta longínquo. Vemos que o sentido aparente do movimento era análogo ao dos ponteiros de um relógio, em 1781 e 1862, e inverso em 1818 e 1902. Naquelas épocas, as órbitas aparentes dos satélites eram quase circulares, ao passo que em 1798, 1840 e 1882, elas se reduzem a linhas retas quando das passagens para os nós.
    A figura B completa esses dados, apresentando o aspecto das órbitas e o sentido do movimento para todas as posições do planeta e até nossa época.
    Fiz questão de elucidar completamente esse assunto um pouco técnico. Para meu grande pesar, os espíritos nada nos ensinaram, e esse exemplo, ao qual se dá tanta importância, reduz-se a um erro.[20]
    Aksakof cita, nesse mesmo capítulo (p. 343), o anúncio da descoberta de dois satélites de Marte, também feito a Drayson por um médium, em 1859, ou seja, dezoito anos antes de sua descoberta, em 1877. Essa descoberta, que não foi publicada na época, permanece duvidosa. Além disso, após Kepler ter apontado a probabilidade de sua existência, o assunto dos dois satélites de Marte foi muitas vezes discutido, particularmente, por Swift e por Voltaire (vide meu livroAstronomie Populaire (Astronomia Popular), p. 501). Portanto, não é um fato decisivo para ser citado como uma descoberta devida aos espíritos.
    Eis os fatos de observação das experiências mediúnicas. Não faço com eles uma generalização estranha à sua esfera de ação. Eles não provam que em determinadas circunstâncias, pensadores, poetas, sonhadores e pesquisadores não possam ser inspirados por influências externas aos seus cérebros, por seres amados, por amigos desaparecidos. Mas isso é outra questão, assunto diferente das experiências com as quais nos ocupamos neste livro.
    O mesmo autor, aliás, geralmente muito judicioso, cita vários exemplos de línguas estrangeiras faladas pelos médiuns. Não pude verificá-los – e me pediram que aqui eu só citasse as coisas das quais tenho certeza.
    De acordo com minhas observações pessoais, essas experiências constantemente nos colocam diante de nós mesmos, de nossas próprias mentes.
    Eu poderia citar mil exemplos.
    Certo dia, recebi um “aerólito” descoberto em um bosque, nas proximidades de Etrepagny (Eure). A senhora J. L., que teve a delicadeza de enviá-lo, acrescenta que ela perguntou a sua proveniência a um espírito e que ele respondeu-lhe que ele provinha de uma estrela chamada Golda. Ora, em primeiro lugar não existe estrela com esse nome e, em segundo, não era um aerólito, mas um pedaço de escória proveniente de uma antiga fundição. (Carta 662 de minha pesquisa de 1899, cujas primeiras cartas, relativas à telepatia, foram publicadas no meu trabalho L’lnconnu(O Desconhecido).
    De Montpellier, uma leitora escreveu-me:
    Suas conclusões talvez diminuam a certos olhos o prestígio do espiritismo. Mas como o prestígio pode levar à superstição, é bom se esclarecer sobre o assunto. Quanto a mim, o que o senhor observou está de acordo com o que eu própria pude observar. Eis o procedimento que empreguei, ajudada por uma amiga.
    Eu pegava um livro e, abrindo-o, eu guardava o número da página à direita. Suponhamos: cento e trinta e dois. Eu dizia à mesa colocada em movimento pela pequena manobra habitual: “Um espírito quer se comunicar?”.
    Resposta: – Sim.
    Pergunta: – Você pode ver o livro que acabo de olhar?
    Resposta: – Sim.
    – Há quantos algarismos na página que olhei?
    – Três.
    – Indique o número da centena.
    – Um.
    – Indique o valor da dezena.
    – Três.
    – Indique o valor da unidade.
    – Dois.
    Essas indicações davam exatamente o número cento e trinta e dois. Era admirável.
    Mas, pegando o livro fechado e sem abri-lo, deslizando entre suas páginas uma espátula para papel, eu retomava o diálogo… e o resultado com este último procedimento sempre foi inexato.
    Repeti, com freqüência, essa pequena experiência (curiosa, apesar de tudo) e todas as vezes, tive respostas exatas quando eu as sabia, e inexatas, quando eu as ignorava. (Carta 657 de minha pesquisa).
    Esses exemplos poderiam ser multiplicados ad infinitum.
    Tudo nos leva a pensar que somos nós que agimos. Mas não é assim tão simples como poderíamos acreditar e existe outra coisa agindo ao mesmo tempo em que nós. Certas transmissões inexplicáveis se produzem.
    Em sua notável obra, De l’Intelligence (Da Inteligência), Taine[21] explica as comunicações mediúnicas como sendo uma espécie de desdobramento inconsciente da nossa mente, como eu dizia mais acima. Ele escreveu:[22]
    Quanto mais bizarro é um fato, mais ele é instrutivo. A esse respeito, as próprias manifestações espíritas colocam-nos no caminho de descobertas, mostrando-nos a coexistência, no mesmo momento, no mesmo indivíduo, de dois pensamentos, de duas vontades, de duas ações distintas: uma, da qual ele tem consciência, outra da qual não tem consciência e que ele atribui a seres invisíveis. O cérebro humano é, então, um teatro onde se representam, simultaneamente, várias peças diferentes, em diversos planos, dos quais um só é visível. Nada mais digno de estudo do que essa pluralidade essencial do eu. Vi uma pessoa que, enquanto conversa ou canta, escreve, sem olhar o papel, frases consecutivas e até mesmo páginas inteiras, sem ter consciência do que escreve. Aos meus olhos, sua sinceridade é perfeita: ora, ela declara que ao fim da página, não tem a mínima idéia do que traçou sobre o papel; quando o lê, ela fica surpresa, às vezes alarmada. A caligrafia é diferente de sua caligrafia habitual. O movimento dos dedos e do lápis é rígido e parece automático. O texto sempre termina com uma assinatura, a de uma pessoa morta, e traz a marca de pensamentos íntimos, de um plano de fundo mental que o autor não gostaria de divulgar. – Certamente, constatamos aqui umdesdobramento do eu, a presença simultânea de duas séries de idéias paralelas e independentes, de dois centros de ação ou, se assim o desejarmos, de duas pessoas jurídicas justapostas no mesmo cérebro, cada qual com sua obra, e cada qual com uma obra diferente, uma no palco e a outra nos bastidores; a segunda tão completa quanto a primeira, já que sozinha e fora dos olhares da outra, ela constrói idéias consecutivas e alinha frases nas quais a outra não toma parte.
    Essa hipótese é admissível, tendo em vista as numerosas observações sobre dupla consciência.[23] Ela é aplicável a um grande número de casos, mas não o é para todos. Ela explica a escrita automática. Mas é ainda preciso ampliá-la consideravelmente para levá-la a explicar as pancadas (pois quem as produz?) e ela não explica absolutamente as elevações da mesa, nem os deslocamentos de objetos dos quais falamos no primeiro capítulo, e nem vejo muito bem como ela poderia explicar as frases ditadas em ordem inversa ou em combinações bizarras citadas mais acima.
    Essa hipótese é admitida e desenvolvida, de um modo muito mais absoluto, pelo doutor Pierre Janet em sua obra L’Automatisme psychologique (O Automatismo Psicológico). Esse autor é daqueles que criaram um círculo estreito de observações e de estudos e que, não apenas não saem dele, como também imaginam poder fazer entrar nesse círculo o Universo inteiro. Lendo esse tipo de raciocínio, pensamos involuntariamente naquela antiga querela dos olhos redondos que viam tudo redondo e dos olhos quadrados que viam tudo quadrado, como também na história dos Big-endians e Little-endians,[24] no livro As viagens de Gulliver. Uma hipótese é digna de atenção quando ela explica alguma coisa. Seu valor não aumenta se desejarmos generalizá-la e fazê-la tudo explicar: isso já é ultrapassar os limites.
    Que os atos subconscientes de uma personalidade anormal implantados momentaneamente em nossa personalidade normal expliquem a maioria das comunicações mediúnicas pela escrita, nós podemos admitir. Podemos ver nisso, também, efeitos evidentes de auto-sugestão. Mas essas hipóteses psicofisiológicas não satisfazem a todas as observações. Existe algo mais.
    Todos nós temos uma tendência a querer tudo explicar pelo estado atual dos nossos conhecimentos. Diante de certos fatos, hoje nós dizemos: isso é sugestão, isso é hipnotismo, é isso, é aquilo. Não teríamos falado assim há meio século, pois essas teorias não tinham sido inventadas. Não falaremos da mesma maneira daqui a meio século, a um século, pois teremos inventado outras palavras. Mas não nos contentemos apenas com palavras; não sejamos tão apressados.
    Seria preciso que soubéssemos explicar de que modo nossos pensamentos, conscientes, inconscientes ou subconscientes, podem produzir pancadas em uma mesa, movê-la, levantá-la. Como essa questão é bastante embaraçosa, o senhor Pierre Janet[25] trata-a como “personalidade secundária” e é obrigado a invocar o movimento dos artelhos, o músculo estalante do tendão fibular, a ventriloquia e a trapaça de comparsas inconscientes.[26] Não é uma explicação satisfatória.
    Com certeza, nós não compreendemos como nosso pensamento, ou qualquer outro, pode formar frases por meio de pancadas. Mas não somos obrigados a admiti-lo. Chamemos isso, se assim o desejarmos, de telecinesia: estaremos, por isso, mais avançados?
    Há alguns anos, vêm-se falando de fatos inconscientes, da subconsciência, da consciência subliminar etc. etc. Temo que, também nesse caso, estejamos nos contentando com palavras que não explicam muita coisa.
    Tenho a intenção de consagrar, algum dia, se eu tiver tempo, um livro especial ao espiritismo, estudado sob o ponto de vista teórico e doutrinai, que formaria o segundo volume de minha obra O desconhecido e os problemas psíquicos, e que está em preparação desde a redação desse livro (1899). As comunicações mediúnicas, os ditados recebidos notadamente porVictor Hugo, pela senhora de Girardin, por Eugène Nus,[27] pelos falansterianos,[28] serão nele tratados em capítulos especiais, bem como o problema, também bastante importante, da pluralidade das existências.
    Não me cabe aqui estender-me sobre esses aspectos da questão geral. O que pretendo estabelecer neste livro é que existem em nós e ao nosso redor, forças desconhecidas capazes de colocar a matéria em movimento, como o faz nossa vontade. Devo, portanto, limitar-me aos fenômenos físicos. O quadro já é imenso, e as “comunicações” das quais acabamos de falar estão fora desse quadro.
    Mas como esse assunto está em perpétuo contato com as experimentações psíquicas, era necessário resumi-lo aqui.
    Voltemos, agora, aos fenômenos produzidos pelos médiuns de efeitos físicos, assim como àquilo que eu mesmo constatei com Eusapia Paladino, que os reúne quase todos.
    [1] N. da T. – Escritor dramático francês.
    [2] N. da T. – Um dos mais famosos ceramistas franceses, foi também artesão, decorador, engenheiro, agrônomo, naturalista, geólogo, químico e escritor.
    [3] Nota do editor: O único método que prevaleceu foi o da escrita manual (psicografla), por ter se mostrado o mais eficiente e produtivo.
    [4] Nota do editor: Apesar do firme propósito em reeditar as obras históricas do espiritismo emergente, não endossamos algumas opiniões de renomados autores, como a afirmativa de Camille Flamarion a respeito da autoria e autenticidade das mensagens mediúnicas. Estamos embasados nos estudos de Kardec detalhados emO Livro dos Médiuns.
    [5] Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec, por CAMILLE FLAMMARION. Librairie Didier, 1869, pp. 4, 17 e 22.
    [6] Delphine Gray – escritora francesa.
    [7] N. da T. – Alexandre Balthazar Laurent Grimod de la Reynière – advogado francês, nunca se dedicou à profissão, e tornou-se célebre por seus faustos gastronômicos e seu humor negro. É considerado o pai da crítica gastronômica. Publicou vários almanaques sobre gastronomia.
    [8] N. da T. – Termo que designa a ponta do capuz, usada também para enrolar o capuz em forma de turbante.
    [9] N. da T. – Trata-se, no caso, do vinho.
    [10] N. da T. – Anagrama do nome François Rabelais, encontrado, também com a grafia: Alcofribas Nasier, como também o pseudônimo com o qual assinou sua obraPantagruel.
    [11] Um ditado tiptológico do mesmo gênero foi-me enviado recentemente. Ei-lo:
    JUTPTUOLOER
    EIRFIEUEBN
    SSOAGPRSTI 
    Lendo sucessivamente, de cima para baixo, uma letra de cada linha, começando pela esquerda, encontramos o sentido da comunicação enviada: “Eu estou muito cansado para obtê-los”.
    [12] N. da T. – Françoise d’Aubigné, Madame de Maintenon.
    [13] N. da T. – Arsène Arnaud Claretie, historiador, escritor e dramaturgo francês.
    [14] N. da T. – General e político grego do século IV a.C.
    [15] N. da T. – Michel Eugène Chevreul, químico francês.
    [16] N. da T. – Conde Agenor de Gasparin – escritor, advogado, político e teólogo protestante.
    [17] N. da T. – Aqui, parece-me que talvez V. Sardou tenha trocado o nome de Jonathan Swift , autor do livro As viagens de Gulliver, pelo do personagem, no caso Gulliver.
    [18] N. da T. – General Alfred Wilkes Drayson, astrônomo convertido ao espiritismo.
    [19] Essa inclinação é realmente de 82°, contando pelo sul, ou de 98° (90 + 8º) contando pelo norte (vide a figura A).
    [20] Acabo de encontrar em minha biblioteca um livro que me foi enviado, em 1888, pelo autor, o Major-General Drayson, intitulado: Thirty thousand years of the Earth’s past history, read by aid of the discovery of the second rotation of the Earth. Ou seja, para os leitores que não conhecem a língua inglesa: Trinta mil anos da história passada da Terra, lidos com a ajuda da descoberta da segunda rotação da Terra. Essa segunda rotação efetuar-se-ia ao redor de um eixo, cujo polo estaria a 29° 25’ 47’’ do polo da rotação diurna, cerca de 270° de ascensão reta, e realizar-se-ia em 32.682 anos. O autor tenta explicar por meio dessa rotação os períodos glaciais e as variações climáticas. Mas a obra está repleta de confusões bizarras e até imperdoáveis para um homem versado em estudos astronômicos. O general Drayson, morto há alguns anos, não era astrônomo.
    [21] N. da T. – Hippolyte Taine, crítico, filósofo e historiador francês.
    [22] De l’lntelligence, tomo I, prefácio, p. 16, edição de 1897. A primeira edição data de 1868.
    [23] Todos aqueles que se ocupam dessas questões conhecem, entre outras, a história de Félida (estudada pelo doutor Étienne Eugène Azam, médico e cirurgião francês) na qual essa jovem mostrou-se dotada de duas personalidades distintas a tal ponto que, no estado segundo (expressão criada por Azam para designar a personalidade secundária observada nos estados histéricos), ela apaixonou-se e… engravidou, sem que tivesse conhecimento disso em seu estado normal. Esses estados de dupla personalidade foram metodicamente observados há cerca de trinta anos.
    [24] N. da T. – Em Viagens de Gulliver, os Big-endians eram os partidários do modo de cortar o ovo pela extremidade mais grossa e os Little-endians, do modo de cortar o ovo pela extremidade mais fina.
    [25] N. da T. – Neurologista e psicólogo francês.
    [26] L’Automatisme psychologique, p. 401-402.
    [27] N. da T. – Literato francês, autor de Choses de l’autre monde (Coisas do Outro Mundo).
    [28] N. da T – Adepto da doutrina do filósofo francês Charles Fourier ou habitante do falanstério, comunidade de trabalhadores, no sistema social criado por ele.
    Fonte: [http://obraspsicografadas.org/2012/minhas-primeiras-experincias-no-grupo-de-allan-kardec-e-com-mdiuns-daquela-poca-por-camille-flammarion-1907/]

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