Tendo surgido uma viva discussão a respeito dessa visita inesperada e dessa linguagem que alguns eruditos não consideravam bastante rabelaisiana, a mesa ditou:
Mais algumas séries:
Suov ruop erètsym nu sruojuot tnores emêm sruei-sulp; erdnerpmoc ed simrep erocne sap tse suov en liuq snoitseuq sed ridnoforppa ruop tirpse’1 sap retne-mruot suov en. Liesnoc nob nu zevius. Suov imrap engèr en edrocsid ed tirpse’1 siamaj euq. Arevèlé suov ueid te serèrfsov imrap sreinred sei zeyos; évelé ares essiaba’s iuq iulec, éssiaba ares evèlé’s iuq iulec.(Aquele que se enaltece, será rebaixado. Sede os últimos dos vossos irmãos e Deus vos enaltecerá. Que nunca o espírito de discórdia reine entre vós. Segui um bom conselho. Não atormenteis o espírito para aprofundar questões cuja compreensão ainda não vos é permitida; muitas delas serão mesmo um mistério para vós).
É preciso ler essas frases de trás para frente, começando pelo fim.
Perguntamos:
– Por que você ditou assim? Foi respondido:
– Para dar-lhes provas novas e inesperadas. Eis uma nova frase, de outro tipo:
Acmairsvnoouussevtoeussbaoinmsoentsfbiideen,leosus.
Sloeysepzrrmntissaeinndtieetuesnudrrvaosuessmaairlises.
Perguntei:
– O que significa essa composição estranha de letras? Foi respondido:
– Leia de duas em duas letras, para responder suas dúvidas. Essa composição resulta nos quatro versos seguintes:
Amigos, nós gostamos muito de vós,
Pois vós sois bons e fiéis.
Sede unidos em Deus: sobre vós
O Espírito Santo estenderá suas asas.
Certamente, é bastante inocente e sem pretensões poéticas. Mas havemos de convir que esse tipo de ditado é de uma dificuldade bastante rigorosa.
[11]
Falamos sobre os projetos humanos. A mesa dita:
Quando o sol brilhante dissipa as estrelas,
Sabeis, oh, mortais, se vereis a noite?
E quando o céu se funde em fúnebres véus,
E um amanhã: podereis revê-lo?
Perguntamos: – O que é a fé?
A fé? É como um campo abençoado
Que gera uma colheita soberba,
E cada trabalhador nele pode infinitamente
Ceifar e colher, depois levar seu feixe.
Mais alguns exemplos de ditados:
A ciência é uma floresta, onde alguns traçam estradas, onde muitos se perdem, e onde todos vêem os limites da floresta recuar à medida que eles avançam. Deus não ilumina o mundo com o raio e os meteoros. Ele dirige calmamente os astros que iluminam esse mundo. Assim as revelações divinas suceder-se-ão com ordem, razão e harmonia.
A Religião e a Amizade são duas companheiras que ajudam a percorrer a árdua vereda da vida.
Não resisto ao prazer de inserir, para terminar, uma fábula igualmente ditada pelo método das pancadas, que me foi enviada pelo senhor Joubert, vice-presidente do Tribunal Civil de Carcassonne. Podemos discutir sua opinião, mas seu princípio não é aplicável a todas as épocas e a todos os governos? Os “arrivistas” não existem em todos os tempos?
O rei e o camponês
Um rei que profanava a liberdade pública, que durante vinte anos saciou-se com o sangue dos heréticos, esperando do carrasco a paz dos seus velhos dias. Decrépito, saturado dos amores adúlteros, esse rei, esse orgulhoso de quem fizeram um grande homem, Luís XIV, enfim, se é preciso que eu lhe dê um nome, Outrora sob as abóbadas de verdura de seus vastos jardins passeava com sua Scarron,
[12] sua vergonha e suas tristezas. Acompanhavam-no cortesãos e a nobre criadagem. Cada um perdia, pelo menos, dez polegadas de seu tamanho; pajens, condes, marqueses, duques, príncipes, marechais, ministros inclinavam-se diante de ultrajantes rivais. Mais humildes que um litigante pedindo audiência, sérios magistrados faziam reverências. Era divertido ver fitas, cruzes e condecorações, sobre suas túnicas bordadas andarem de costas.
Assim, sempre, sempre essa ignóbil obsequiosidade. Eu gostaria de uma manhã acordar Imperador, expressamente para fustigar a coluna de um bajulador. Sozinho, caminhando à sua frente, mas sem curvar a cabeça, prosseguindo seu caminho a passos lentos, modesto, coberto de tecidos grosseiros, um camponês, ou se quisermos, talvez um filósofo, atravessou a corte de grupos insolentes:
– Oh! – exclamou o rei, demonstrando sua surpresa – Por que sois o único a me enfrentar sem dobrar os joelhos?
– Senhor – disse o desconhecido, quereis que eu seja franco? É porque eu sou o único neste lugar que nada espero de vós.
Se refletirmos sobre a maneira pela qual essas sentenças, essas frases, essas peças diversas foram ditadas, letra por letra, seguindo o alfabeto, pancada por pancada, apreciaremos sua dificuldade. As pancadas são dadas no interior da madeira da mesa, das quais sentimos as vibrações, ou dentro de outro móvel, ou mesmo no ar. A mesa, como notamos, é animada, impregnada de uma espécie de vitalidade momentânea. Ritmos de árias conhecidas, ruídos de serra, de trabalhos de oficina, de fuzilaria assim são obtidos. A mesa, às vezes, torna-se tão leve, que ela plana um momento no ar e, às vezes tão pesada que dois homens não conseguem soltá-la do assoalho, nem fazê-la se mexer. É importante termos em mente todas essas manifestações, muitas vezes pueris, sem dúvida, às vezes vulgares e grotescas, mas, entretanto, produzidas pelo processo em questão, para compreendermos exatamente os fenômenos e sentir que aqui estamos em presença de um elemento desconhecido que a impostura e a prestidigitação não podem explicar.
Algumas pessoas têm a faculdade de mexer separadamente os dedos do pé, e de produzirem algumas pancadas por esse processo. Se supusermos que os ditados pelas combinações citadas há pouco foram previamente preparados, aprendidos de cor, e assim batidos, isso seria bastante simples. Mas essa faculdade é muito rara e ela não explica os ruídos dentro da mesa, sentidos pelas mãos. Podemos supor, também, que o médium bate na mesa com o pé e constrói as frases que lhe agradam. Mas, por um lado, seria necessária uma fabulosa memória para se obter exatamente aquela combinação de letras (pois o médium nada tem sob os olhos) e, por outro, aqueles ditados barrocos também foram produzidos em reuniões íntimas, nas quais ninguém blefava.
Mas imaginarmos que estão presentes espíritos superiores em comunicação com os experimentadores; imaginarmo-nos evocando São Paulo ou Santo Agostinho, Arquimedes ou Newton, Pitágoras ou Copérnico, Leonardo da Vinci ou William Herschel e deles recebermos ditados em uma mesa, é uma hipótese que se elimina por si só.
Um pouco acima, tratamos dos desenhos e das descrições jupiterianos do senhor Victorien Sardou. Cabe, aqui, citarmos a carta que ele enviou ao senhor Jules Claretie,
[13] que a publicou no jornal
Le Temps, na época em que o erudito acadêmico encenou sua peça
Spiritisme (
Espiritismo):
… Quanto ao espiritismo, eu poderei melhor expressar o que penso em três palavras do que eu o faria em três páginas. Em parte o senhor tem razão e, em parte, o senhor está errado. Perdoe-me a franqueza de julgamento. Há duas coisas no espiritismo: fatos curiosos, inexplicáveis no estado atual dos nossos conhecimentos, mas constatados, e também, aqueles que os explicam. Os fatos são reais. Aqueles que os explicam pertencem a três categorias: há, primeiramente, os espíritas imbecis, ou ignorantes, ou loucos, que evocam Epaminondas,
[14] os quais, justamente, são motivo de zombaria, ou que crêem na intervenção do diabo, em suma, que acabam no hospício de Charenton.
Secundo, há os charlatães, a começar por D., impostures de toda espécie, os profetas, os médiuns consulentes, os A. K., e tutti quanti.
Há, enfim, os cientistas, que crêem tudo poder explicar por meio da impostura, da alucinação e dos movimentos inconscientes, como Chevreul
[15] e Faraday e que, tendo razão a respeito de alguns dos fenômenos que lhes descrevem, e que são, realmente, alucinação ou impostura, estão errados, todavia, a respeito de toda a série de fatos primitivos, que não se dão ao trabalho de verificar, e que são, entretanto, os mais sérios. Estes são muito culpados, pois, com sua oposição aos experimentadores sérios (como Gasparin,
[16] por exemplo), e com suas explicações insuficientes, eles abandonaram o espiritismo à exploração de toda a espécie de charlatães, e autorizaram, ao mesmo tempo, os amadores sérios a não mais se ocuparem do mesmo.
Há, em ultimo lugar, os observadores (mas é raro) como eu que, incrédulos por natureza, tiveram que reconhecer, ao longo do tempo, que há em tudo isso fatos rebeldes a qualquer explicação científica atual, sem renunciarem, por isso, a vê-los explicados um dia, e que, desde então, aplicaram-se a discernir os fatos, a submetê-los a alguma classificação, que mais tarde se converterá em lei. Estes se mantêm afastados, como eu o faço, de toda camarilha, de todo os cenáculos, de todos os profetas e, satisfeitos com a convicção adquirida, limitam-se a ver no espiritismo a aurora de uma verdade, ainda muito obscura, que algum dia encontrará seu Ampère, como as correntes magnéticas, deplorando que essa verdade pereça, sufocada entre estes dois excessos: o da credulidade ignorante que crê em tudo e o da incredulidade científica que não crê em nada.
Eles encontram na sua convicção e na sua consciência a força de enfrentar o pequeno martírio do ridículo que se une à crença que alardeiam, duplicada por todas as tolices que as pessoas não deixam de lhes atribuir, e não julgam que o mito com o qual as pessoas os revestem mereça nem mesmo a honra de uma refutaçào.
Similarmente, nunca tive vontade de demonstrar a quem quer que seja que nem Molière, nem Beaumarchais tiveram alguma influência em minhas peças. Parece-me que isso é mais do que evidente.
Quanto às casas de Júpiter, é preciso perguntar às boas pessoas que supõem que eu esteja convencido de sua existência, se eles estão persuadidos que Gulliver acreditava em
Lilliput,
[17] Tommaso Campanella
na Cidade do Sol e Thomas Moras na
Utopia.
Contudo, o que é verdade é que o desenho do qual o senhor fala (Prancha III) foi feito em menos de dez horas. Como isso se originou, eu não dou quatro centavos para sabê-lo; mas o fato é outro assunto.
V. Sardou
Talvez não se passe um só ano sem que médiuns me tragam desenhos de plantas e de animais da Lua, de Marte, de Vênus ou de algumas estrelas. Esses desenhos são mais ou menos bonitos e mais ou menos curiosos. Mas, não somente nada nos leva a admitir que eles representem, realmente, coisas reais existentes em outros mundos, como também tudo prova, ao contrário, que eles são produto da imaginação: essencialmente terrestres de aspectos e de formas, não correspondendo nem mesmo ao que conhecemos das possibilidades de vida naqueles mundos. Os desenhistas deixaram-se enganar pela ilusão. Essas plantas e esses seres são metamorfoses, por vezes elegantes, dos organismos terrestres. Ainda, talvez o mais curioso seja que todos esses desenhos assemelham-se pela maneira com que foram traçados e trazem, de alguma maneira, a marca mediúnica.
Mas voltando às minhas experiências, na época em que eu escrevia como médium, eu produzia, geralmente, dissertações sobre astrologia ou filosofia, assinadas “Galileu”. Como exemplo, citarei apenas uma, extraída dos meus cadernos de 1862.
A ciência
A inteligência humana elevou suas potentes convicções até os limites do espaço e do tempo; ela penetrou no campo inacessível das eras antigas, sondou o mistério dos céus insondáveis, e acreditou ter explicado o enigma da criação. O mundo exterior desfiou aos olhares da ciência seu panorama esplêndido e sua magnífica opulência e os estudos do homem conduziram-no ao conhecimento da verdade. Ele explorou o Universo, encontrou a expressão das leis que o regem e a aplicação das forças que o sustentam, e se não lhe foi dado olhar, frente a frente, a Causa primeira, ao menos ele chegou à noção matemática da série de causas segundas.
Sobretudo neste último século, o método experimental, o único que é verdadeiramente científico, foi colocado em prática nas ciências naturais, e com sua ajuda, o homem sucessivamente despojou-se dos preconceitos da antiga Escola e das teorias especulativas, para encerrar-se no campo da observação e cultivá-lo com cuidado e inteligência.
Sim, a ciência humana é sólida e fecunda, digna de nossas homenagens por seu passado difícil e longamente posto à prova, digna de nossas simpatias por seu futuro pleno de descobertas úteis e vantajosas. Pois a natureza é doravante um livro acessível às pesquisas bibliográficas do homem estudioso, um mundo aberto às investigações do pensador, uma região fértil que a mente humana já visitou, e na qual é preciso corajosamente avançar, tendo na mão a experiência como uma bússola…
Um antigo amigo da minha vida terrena falava-me recentemente desta forma: Uma peregrinação nos tinha levado à Terra, e estudávamos, de novo, moralmente esse mundo. Meu companheiro acrescentava que o homem está hoje familiarizado com as leis mais abstratas da mecânica, da física, da química etc, que as aplicações à indústria não são menos dignas de nota que as deduções da ciência pura, e que a criação inteira, cientificamente estudada por ele, parece ser, de hoje em diante, seu real apanágio. E como prosseguíssemos nossa viagem para fora deste mundo, respondi-lhe nestes termos: Fraco átomo perdido num ponto insensível do infinito, o homem acreditou estar abarcando com seu olhar a extensão universal, quando ele apenas estava saindo da região em que ele morava; ele acreditou estar estudando as leis da natureza inteira, quando suas apreciações apenas tinham se limitado às forças em ação ao seu redor; ele acreditou estar determinando a extensão do céu, quando se consumia na determinação de um grão de poeira. O campo de suas observações é tão exíguo que, uma vez perdido de vista, a mente o procura sem achá-lo; o céu e a terra humanos são tão pequenos que a alma, em seu progresso, não tem tempo de abrir suas asas antes de chegar às últimas paragens acessíveis à observação humana, pois o Universo incomensurável nos cerca por todos os lados, desdobrando, para além de nossos céus, riquezas desconhecidas, colocando em jogo forças inconcebíveis e propagando ad infinitum o esplendor e a vida.
E o miserável ácaro privado de asas e de luz, cuja triste existência se consome na folha que lhe deu a existência, pretenderia, porque ele dá alguns passos sobre essa folha agitada pelo vento, ter o direito de falar sobre a imensa árvore a que ela pertence, sobre a floresta da qual essa árvore faz parte, e discutir sagazmente sobre a natureza dos vegetais que nessa floresta se desenvolvem, sobre os seres que nela habitam, sobre o sol longínquo cujos raios dão a ela movimento e vida? – Na verdade, o homem é estranhamente presunçoso de querer mensurar a grandeza infinita com a medida de sua infinita pequenez.
Por conseguinte, esta verdade deve estar bem impressa em sua mente: que se os labores áridos dos séculos passados lhe deram o primeiro conhecimento das coisas, se o progresso da mente colocou-o no vestíbulo do saber, ele ainda não fez senão soletrar a primeira página do Livro e, como uma criança suscetível de se enganar a cada palavra, longe de pretender interpretar doutamente a obra, ele deve se contentar em estudá-la humildemente, página por página, linha por linha. Felizes, entretanto, são os que podem fazê-lo.
Galileu
Esses pensamentos eram-me habituais: são os de um estudante de dezenove, vinte anos, que adquiriu o hábito de pensar. Não duvido que eles emanassem totalmente do meu intelecto, e que o ilustre astrônomo florentino nada tivesse a ver com isso.
Foi, aliás, uma colaboração da mais completa inverossimilhança.
O mesmo aconteceu em todas as comunicações de ordem astronômica. Elas não fizeram a ciência avançar nenhum passo.
Nenhum ponto da história, obscuro, misterioso ou inverídico foi tampouco esclarecido pelos espíritos.
Nunca escrevemos senão aquilo que sabemos, e nem o acaso deu-nos alguma coisa. Todavia, algumas transmissões inexplicáveis deverão ser discutidas. Mas elas continuam na esfera humana.
Para responder imediatamente às objeções que certos espíritas me endereçaram contra essa conclusão de minhas observações, eu citarei, como exemplo, o caso dos satélites de Urano, porque ele é o principal caso apresentado perpetuamente como prova de uma intervenção científica dos espíritos.
Há muitos anos, aliás, recebi, de diversos locais, o convite insistente para examinar um artigo do general Drayson,
[18] publicado, em 1884, no jornal
Light, intitulado
The solution of scientific problems by Spirits (
Solução de Problemas Científicos pelos Espíritos), no qual é afirmado que os espíritos fizeram com que se conhecesse o verdadeiro movimento orbital dos satélites de Urano. Compromissos urgentes sempre me impediram de fazer esse exame, mas tendo esse caso sido apresentado recentemente como decisivo para várias obras espíritas, insistiram com tanta persistência, que acredito ser útil fazer essa análise aqui.
Para minha grande decepção, há no artigo um erro, e os espíritos não nos falaram nada. Eis este exemplo, apresentado erroneamente como demonstrativo. O escritor russo Alexander Aksakof o expõe nos seguintes termos (Animisme et Spiritisme (Animismo e Espiritismo), p. 341):
O fato que iremos relatar parece resolver todas as objeções: ele foi comunicado pelo major-general A.W Drayson, e publicado sob o título: The Solution of scientific problems by Spirits. Segue sua tradução:
Tendo recebido do senhor Georges Stock uma carta em que me perguntava se eu podia citar ao menos um exemplo de que um espírito tivesse resolvido, durante uma sessão, um desses problemas científicos que embaraçaram os cientistas, tenho a honra de comunicar-lhe o fato seguinte, do qual fui testemunha ocular. Em 1781, William Herschel descobriu o planeta Urano e seus satélites. Observou que esses satélites, ao contrário de todos os outros satélites do sistema solar, percorrem suas órbitas do oriente ao ocidente, Sir John F. Herschel diz em seus
Outlines of Astronomy(
Elementos de Astronomia): As órbitas desses satélites apresentam particularidades completamente inesperadas e excepcionais, contrárias às leis gerais que regem os corpos do sistema solar. Os planos de suas órbitas são quase perpendiculares à eclíptica, fazendo um ângulo de 70° 58’
[19] e eles os percorrem com movimento
retrógrado, isto é, sua revolução ao redor do centro do seu planeta efetua-se do leste para o oeste, ao invés de seguir o sentindo inverso. Quando Laplace emitiu a teoria de que o Sol e todos os planetas se formaram à custa de uma matéria nebulosa, esses satélites eram um enigma para ele. O Almirante Smyth menciona em seu
Celestial Cycle(
Ciclo Celeste) que o movimento desses satélites, para estupefação de todos os astrônomos, é retrógrado, ao contrário do movimento de todos os outros corpos observados até então.
Todas as obras sobre a Astronomia, publicadas antes de 1860, contêm o mesmo raciocínio a respeito dos satélites de Urano.
Por meu lado, não encontrei explicação alguma para essa particularidade; tanto para mim, quanto para os escritores que citei, isso era um mistério. Em 1858, eu tinha como hóspede, em minha casa, uma senhora que era médium, e organizamos sessões quotidianas.
Certa noite, ela me disse que via a meu lado um espírito que pretendia ter sido astrônomo durante sua vida terrestre. Perguntei a esse personagem se era mais sábio, agora, do que durante sua vida terrestre.
– Muito mais, respondeu-me ele.
Tive a lembrança de apresentar a esse pretenso espírito uma pergunta a fim de experimentar seus conhecimentos:
– Pode dizer-me, perguntei-lhe, por que os satélites de Urano fazem sua revolução de leste para oeste e não de oeste para leste?
Recebi imediatamente a seguinte resposta:
– Os satélites de Urano não percorrem sua órbita do oriente para o ocidente; eles giram ao redor de seu planeta, do ocidente para o oriente, no mesmo sentido em que a Lua gira ao redor da Terra. O erro provém do fato que o polo sul de Urano estava voltado para a Terra no momento da descoberta desse planeta; do mesmo modo que o Sol, visto do hemisfério austral, parece fazer o seu percurso quotidiano da direita para a esquerda e não da esquerda para a direita, os satélites de Urano moviam-se da esquerda para a direita, o que não quer dizer que eles percorriam sua órbita do oriente para o ocidente. Em resposta a outra pergunta que apresentei, meu interlocutor acrescentou:
– Enquanto o polo sul de Urano permaneceu voltado para a Terra, para um observador terrestre parecia que os satélites se deslocavam da esquerda para a direita, e concluiu-se daí, erradamente, que eles se dirigiam do oriente para o ocidente e esse estado de coisas durou cerca de quarenta e dois anos. Quando o polo norte de Urano está voltado para a Terra, seus satélites percorrem sua trajetória da direita para a esquerda, e sempre do ocidente para o oriente.
A respeito dessa resposta, perguntei como acontecera de não se ter reconhecido o erro quarenta e dois anos depois da descoberta do planeta Urano por William Herschel. Ele me respondeu:
– É porque os homens não fazem mais do que repetir o que disseram as autoridades que os precederam. Deslumbrados pelos resultados obtidos por seus predecessores, eles não se dão ao trabalho de refletir sobre o assunto.
É essa a “revelação” de um espírito sobre o sistema de Urano, publicada por Drayson e apresentada por Aksakof e outros autores como uma prova irrefragável da intervenção de um espírito na solução desse problema.
Eis o resultado da discussão imparcial sobre esse assunto, por sinal muito interessante.
O raciocínio do “espírito” é falso. O sistema de Urano é quase perpendicular ao plano da órbita. É o oposto do sistema dos satélites de Júpiter, que giram quase no plano da órbita. A inclinação do plano dos satélites sobre a eclíptica é de 98º, e o planeta gravita quase no plano da eclíptica. Essa é uma consideração fundamental na imagem que devemos fazer do aspecto desse sistema, visto da Terra.
Adotemos, entretanto, para o sentido do movimento de revolução desses satélites ao redor do seu planeta, a projeção sobre o plano da eclíptica, como, aliás, estamos habituados a fazer. O autor pretende que “quando o polo norte de Urano está voltado para a Terra, seus satélites percorrem sua trajetória da direita para a esquerda, ou seja, do ocidente para o oriente”. O espírito declara que os astrônomos estão errados e que os satélites de Urano giram ao redor do seu planeta do oeste para o leste, no mesmo sentido que a Lua gira ao redor da Terra.
Para percebemos exatamente a posição e o sentido dos movimentos desse sistema, construímos uma figura geométrica especial, clara e precisa.
Representamos sobre um plano a aparência da órbita de Urano e de seus satélites vistos do hemisfério norte da esfera celeste (figura A).
A parte da órbita dos satélites acima do plano da órbita de Urano foi desenhada em traço contínuo e hachuras e a parte abaixo, somente em traço pontilhado.
Vemos, pela direção das setas, que o movimento de revolução dos satélites, projetado sobre o plano da órbita, é bem retrógrado. Qualquer afirmação dogmática contrária é absolutamente errônea.
Esses satélites giram no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio, da esquerda para a direita, considerando-se a parte superior dos círculos.
O erro do médium provém do fato de que ele pretendeu que o polo sul de Urano teria estado voltado para nós na época da descoberta. Ora, em 1781, o sistema de Urano ocupava, relativamente a nós, quase a mesma posição que em 1862, já que sua revolução é de 84 anos. Vemos na figura que o planeta, naquela época, apresentava-nos seu polo mais elevado acima da eclíptica, ou seja, seu polo norte.
O general Drayson deixou-se induzir em erro ao adotar, sem controlá-las, essas premissas paradoxais. Efetivamente, se Urano nos tivesse apresentado seu polo sul em 1781, o movimento dos satélites seria direto. Mas as observações do ângulo de posição das órbitas quando de suas passagens para os nós mostram-nos, com muita evidência, que era realmente o polo norte que estava naquele momento voltado para o Sol e para a Terra, o que toma o movimento direto impossível e o movimento retrógrado indubitável.
Para maior clareza, acrescentei na figura A, exteriormente à orbita, o aspecto do sistema de Urano visto da Terra, nas quatro principais épocas da revolução daquele planeta longínquo. Vemos que o sentido aparente do movimento era análogo ao dos ponteiros de um relógio, em 1781 e 1862, e inverso em 1818 e 1902. Naquelas épocas, as órbitas aparentes dos satélites eram quase circulares, ao passo que em 1798, 1840 e 1882, elas se reduzem a linhas retas quando das passagens para os nós.
A figura B completa esses dados, apresentando o aspecto das órbitas e o sentido do movimento para todas as posições do planeta e até nossa época.
Fiz questão de elucidar completamente esse assunto um pouco técnico.
Para meu grande pesar, os espíritos nada nos ensinaram, e esse exemplo, ao qual se dá tanta importância, reduz-se a um erro.
[20]
Aksakof cita, nesse mesmo capítulo (p. 343), o anúncio da descoberta de dois satélites de Marte, também feito a Drayson por um médium, em 1859, ou seja, dezoito anos antes de sua descoberta, em 1877. Essa descoberta, que não foi publicada na época, permanece duvidosa. Além disso, após Kepler ter apontado a probabilidade de sua existência, o assunto dos dois satélites de Marte foi muitas vezes discutido, particularmente, por Swift e por Voltaire (vide meu livroAstronomie Populaire (Astronomia Popular), p. 501). Portanto, não é um fato decisivo para ser citado como uma descoberta devida aos espíritos.
Eis os fatos de observação das experiências mediúnicas. Não faço com eles uma generalização estranha à sua esfera de ação. Eles não provam que em determinadas circunstâncias, pensadores, poetas, sonhadores e pesquisadores não possam ser inspirados por influências externas aos seus cérebros, por seres amados, por amigos desaparecidos. Mas isso é outra questão, assunto diferente das experiências com as quais nos ocupamos neste livro.
O mesmo autor, aliás, geralmente muito judicioso, cita vários exemplos de línguas estrangeiras faladas pelos médiuns. Não pude verificá-los – e me pediram que aqui eu só citasse as coisas das quais tenho certeza.
De acordo com minhas observações pessoais, essas experiências constantemente nos colocam diante de nós mesmos, de nossas próprias mentes.
Eu poderia citar mil exemplos.
Certo dia, recebi um “aerólito” descoberto em um bosque, nas proximidades de Etrepagny (Eure). A senhora J. L., que teve a delicadeza de enviá-lo, acrescenta que ela perguntou a sua proveniência a um espírito e que ele respondeu-lhe que ele provinha de uma estrela chamada Golda. Ora, em primeiro lugar não existe estrela com esse nome e, em segundo, não era um aerólito, mas um pedaço de escória proveniente de uma antiga fundição. (Carta 662 de minha pesquisa de 1899, cujas primeiras cartas, relativas à telepatia, foram publicadas no meu trabalho L’lnconnu(O Desconhecido).
De Montpellier, uma leitora escreveu-me:
Suas conclusões talvez diminuam a certos olhos o prestígio do espiritismo. Mas como o prestígio pode levar à superstição, é bom se esclarecer sobre o assunto. Quanto a mim, o que o senhor observou está de acordo com o que eu própria pude observar. Eis o procedimento que empreguei, ajudada por uma amiga.
Eu pegava um livro e, abrindo-o, eu guardava o número da página à direita. Suponhamos: cento e trinta e dois. Eu dizia à mesa colocada em movimento pela pequena manobra habitual: “Um espírito quer se comunicar?”.
Resposta: – Sim.
Pergunta: – Você pode ver o livro que acabo de olhar?
Resposta: – Sim.
– Há quantos algarismos na página que olhei?
– Três.
– Indique o número da centena.
– Um.
– Indique o valor da dezena.
– Três.
– Indique o valor da unidade.
– Dois.
Essas indicações davam exatamente o número cento e trinta e dois. Era admirável.
Mas, pegando o livro fechado e sem abri-lo, deslizando entre suas páginas uma espátula para papel, eu retomava o diálogo… e o resultado com este último procedimento
sempre foi inexato.
Repeti, com freqüência, essa pequena experiência (curiosa, apesar de tudo) e todas as vezes, tive respostas exatas quando eu as sabia, e inexatas, quando eu as ignorava. (Carta 657 de minha pesquisa).
Esses exemplos poderiam ser multiplicados
ad infinitum.
Tudo nos leva a pensar que somos nós que agimos. Mas não é assim tão simples como poderíamos acreditar e existe outra coisa agindo ao mesmo tempo em que nós. Certas transmissões inexplicáveis se produzem.
Em sua notável obra,
De l’Intelligence (
Da Inteligência), Taine
[21] explica as comunicações mediúnicas como sendo uma espécie de desdobramento inconsciente da nossa mente, como eu dizia mais acima. Ele escreveu:
[22]
Quanto mais bizarro é um fato, mais ele é instrutivo. A esse respeito, as próprias manifestações espíritas colocam-nos no caminho de descobertas, mostrando-nos a coexistência, no mesmo momento, no mesmo indivíduo, de dois pensamentos, de duas vontades, de duas ações distintas: uma, da qual ele tem consciência, outra da qual não tem consciência e que ele atribui a seres invisíveis. O cérebro humano é, então, um teatro onde se representam, simultaneamente, várias peças diferentes, em diversos planos, dos quais um só é visível. Nada mais digno de estudo do que essa pluralidade essencial do eu. Vi uma pessoa que, enquanto conversa ou canta, escreve, sem olhar o papel, frases consecutivas e até mesmo páginas inteiras, sem ter consciência do que escreve. Aos meus olhos, sua sinceridade é perfeita: ora, ela declara que ao fim da página, não tem a mínima idéia do que traçou sobre o papel; quando o lê, ela fica surpresa, às vezes alarmada. A caligrafia é diferente de sua caligrafia habitual. O movimento dos dedos e do lápis é rígido e parece automático. O texto sempre termina com uma assinatura, a de uma pessoa morta, e traz a marca de pensamentos íntimos, de um plano de fundo mental que o autor não gostaria de divulgar. – Certamente, constatamos aqui umdesdobramento do eu, a presença simultânea de duas séries de idéias paralelas e independentes, de dois centros de ação ou, se assim o desejarmos, de duas pessoas jurídicas justapostas no mesmo cérebro, cada qual com sua obra, e cada qual com uma obra diferente, uma no palco e a outra nos bastidores; a segunda tão completa quanto a primeira, já que sozinha e fora dos olhares da outra, ela constrói idéias consecutivas e alinha frases nas quais a outra não toma parte.
Essa hipótese é admissível, tendo em vista as numerosas observações sobre dupla consciência.
[23] Ela é aplicável a um grande número de casos, mas não o é para todos. Ela explica a escrita automática. Mas é ainda preciso ampliá-la consideravelmente para levá-la a explicar as pancadas (pois quem as produz?) e ela não explica absolutamente as elevações da mesa, nem os deslocamentos de objetos dos quais falamos no primeiro capítulo, e nem vejo muito bem como ela poderia explicar as frases ditadas em ordem inversa ou em combinações bizarras citadas mais acima.
Essa hipótese é admitida e desenvolvida, de um modo muito mais absoluto, pelo doutor Pierre Janet em sua obra
L’Automatisme psychologique (
O Automatismo Psicológico). Esse autor é daqueles que criaram um círculo estreito de observações e de estudos e que, não apenas não saem dele, como também imaginam poder fazer entrar nesse círculo o Universo inteiro. Lendo esse tipo de raciocínio, pensamos involuntariamente naquela antiga querela dos olhos redondos que viam tudo redondo e dos olhos quadrados que viam tudo quadrado, como também na história dos Big
-endians e
Little-endians,
[24] no livro As viagens de Gulliver. Uma hipótese é digna de atenção quando ela explica alguma coisa. Seu valor não aumenta se desejarmos generalizá-la e fazê-la tudo explicar: isso já é ultrapassar os limites.
Que os atos subconscientes de uma personalidade anormal implantados momentaneamente em nossa personalidade normal expliquem a maioria das comunicações mediúnicas pela escrita, nós podemos admitir. Podemos ver nisso, também, efeitos evidentes de auto-sugestão. Mas essas hipóteses psicofisiológicas não satisfazem a todas as observações. Existe algo mais.
Todos nós temos uma tendência a querer tudo explicar pelo estado atual dos nossos conhecimentos. Diante de certos fatos, hoje nós dizemos: isso é sugestão, isso é hipnotismo, é isso, é aquilo. Não teríamos falado assim há meio século, pois essas teorias não tinham sido inventadas. Não falaremos da mesma maneira daqui a meio século, a um século, pois teremos inventado outras palavras. Mas não nos contentemos apenas com palavras; não sejamos tão apressados.
Seria preciso que soubéssemos explicar de que modo nossos pensamentos, conscientes, inconscientes ou subconscientes, podem produzir pancadas em uma mesa, movê-la, levantá-la. Como essa questão é bastante embaraçosa, o senhor Pierre Janet
[25] trata-a como “personalidade secundária” e é obrigado a invocar o movimento dos artelhos, o músculo estalante do tendão fibular, a ventriloquia e a trapaça de comparsas inconscientes.
[26] Não é uma explicação satisfatória.
Com certeza, nós não compreendemos como nosso pensamento, ou qualquer outro, pode formar frases por meio de pancadas. Mas não somos obrigados a admiti-lo. Chamemos isso, se assim o desejarmos, de telecinesia: estaremos, por isso, mais avançados?
Há alguns anos, vêm-se falando de fatos inconscientes, da subconsciência, da consciência subliminar etc. etc. Temo que, também nesse caso, estejamos nos contentando com palavras que não explicam muita coisa.
Tenho a intenção de consagrar, algum dia, se eu tiver tempo, um livro especial ao espiritismo, estudado sob o ponto de vista teórico e doutrinai, que formaria o segundo volume de minha obra O desconhecido e os problemas psíquicos, e que está em preparação desde a redação desse livro (1899). As comunicações mediúnicas, os ditados recebidos notadamente porVictor Hugo, pela senhora de Girardin, por Eugène Nus,
[27] pelos falansterianos,
[28] serão nele tratados em capítulos especiais, bem como o problema, também bastante importante, da pluralidade das existências.
Não me cabe aqui estender-me sobre esses aspectos da questão geral. O que pretendo estabelecer neste livro é que existem em nós e ao nosso redor, forças desconhecidas capazes de colocar a matéria em movimento, como o faz nossa vontade. Devo, portanto, limitar-me aos fenômenos físicos. O quadro já é imenso, e as “comunicações” das quais acabamos de falar estão fora desse quadro.
Mas como esse assunto está em perpétuo contato com as experimentações psíquicas, era necessário resumi-lo aqui.
Voltemos, agora, aos fenômenos produzidos pelos médiuns de efeitos físicos, assim como àquilo que eu mesmo constatei com Eusapia Paladino, que os reúne quase todos.
[1] N. da T. – Escritor dramático francês.
[2] N. da T. – Um dos mais famosos ceramistas franceses, foi também artesão, decorador, engenheiro, agrônomo, naturalista, geólogo, químico e escritor.
[3] Nota do editor: O único método que prevaleceu foi o da escrita manual (psicografla), por ter se mostrado o mais eficiente e produtivo.
[4] Nota do editor: Apesar do firme propósito em reeditar as obras históricas do espiritismo emergente, não endossamos algumas opiniões de renomados autores, como a afirmativa de Camille Flamarion a respeito da autoria e autenticidade das mensagens mediúnicas. Estamos embasados nos estudos de Kardec detalhados em
O Livro dos Médiuns.
[5] Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec, por CAMILLE FLAMMARION. Librairie Didier, 1869, pp. 4, 17 e 22.
[6] Delphine Gray – escritora francesa.
[7] N. da T. – Alexandre Balthazar Laurent Grimod de la Reynière – advogado francês, nunca se dedicou à profissão, e tornou-se célebre por seus faustos gastronômicos e seu humor negro. É considerado o pai da crítica gastronômica. Publicou vários almanaques sobre gastronomia.
[8] N. da T. – Termo que designa a ponta do capuz, usada também para enrolar o capuz em forma de turbante.
[9] N. da T. – Trata-se, no caso, do vinho.
[10] N. da T. – Anagrama do nome François Rabelais, encontrado, também com a grafia: Alcofribas Nasier, como também o pseudônimo com o qual assinou sua obra
Pantagruel.
[11] Um ditado tiptológico do mesmo gênero foi-me enviado recentemente. Ei-lo:
JUTPTUOLOER
EIRFIEUEBN
SSOAGPRSTI
Lendo sucessivamente, de cima para baixo, uma letra de cada linha, começando pela esquerda, encontramos o sentido da comunicação enviada: “Eu estou muito cansado para obtê-los”.
[12] N. da T. – Françoise d’Aubigné, Madame de Maintenon.
[13] N. da T. – Arsène Arnaud Claretie, historiador, escritor e dramaturgo francês.
[14] N. da T. – General e político grego do século IV a.C.
[15] N. da T. – Michel Eugène Chevreul, químico francês.
[16] N. da T. – Conde Agenor de Gasparin – escritor, advogado, político e teólogo protestante.
[17] N. da T. – Aqui, parece-me que talvez V. Sardou tenha trocado o nome de Jonathan Swift , autor do livro As viagens de Gulliver, pelo do personagem, no caso Gulliver.
[18] N. da T. – General Alfred Wilkes Drayson, astrônomo convertido ao espiritismo.
[19] Essa inclinação é realmente de 82°, contando pelo sul, ou de 98° (90 + 8º) contando pelo norte (vide a figura A).
[20] Acabo de encontrar em minha biblioteca um livro que me foi enviado, em 1888, pelo autor, o Major-General Drayson, intitulado:
Thirty thousand years of the Earth’s past history, read by aid of the discovery of the second rotation of the Earth. Ou seja, para os leitores que não conhecem a língua inglesa: Trinta mil anos da história passada da Terra, lidos com a ajuda da descoberta da segunda rotação da Terra. Essa segunda rotação efetuar-se-ia ao redor de um eixo, cujo polo estaria a 29° 25’ 47’’ do polo da rotação diurna, cerca de 270° de ascensão reta, e realizar-se-ia em 32.682 anos. O autor tenta explicar por meio dessa rotação os períodos glaciais e as variações climáticas. Mas a obra está repleta de confusões bizarras e até imperdoáveis para um homem versado em estudos astronômicos. O general Drayson, morto há alguns anos, não era astrônomo.
[21] N. da T. – Hippolyte Taine, crítico, filósofo e historiador francês.
[22] De l’lntelligence, tomo I, prefácio, p. 16, edição de 1897. A primeira edição data de 1868.
[23] Todos aqueles que se ocupam dessas questões conhecem, entre outras, a história de Félida (estudada pelo doutor Étienne Eugène Azam, médico e cirurgião francês) na qual essa jovem mostrou-se dotada de duas personalidades distintas a tal ponto que, no estado segundo (expressão criada por Azam para designar a personalidade secundária observada nos estados histéricos), ela apaixonou-se e… engravidou, sem que tivesse conhecimento disso em seu estado normal. Esses estados de dupla personalidade foram metodicamente observados há cerca de trinta anos.
[24] N. da T. – Em
Viagens de Gulliver, os
Big-endians eram os partidários do modo de cortar o ovo pela extremidade mais grossa e os
Little-endians, do modo de cortar o ovo pela extremidade mais fina.
[25] N. da T. – Neurologista e psicólogo francês.
[26] L’Automatisme psychologique, p. 401-402.
[27] N. da T. – Literato francês, autor de
Choses de l’autre monde (
Coisas do Outro Mundo).
[28] N. da T – Adepto da doutrina do filósofo francês Charles Fourier ou habitante do falanstério, comunidade de trabalhadores, no sistema social criado por ele.
Fonte: [http://obraspsicografadas.org/2012/minhas-primeiras-experincias-no-grupo-de-allan-kardec-e-com-mdiuns-daquela-poca-por-camille-flammarion-1907/]